Jornal de Notícias

Mapa judiciário Menores em risco foram os mais prejudicad­os

Crítica Juízes pedem correção de falhas no acompanham­ento judicial de crianças e jovens em risco

- Nuno Miguel Ropio policia@jn.pt

O Conselho Superior de Magistratu­ra (CSM) denunciou ontem problemas nos processos de acompanham­ento e proteção de menores no interior do país e nos Açores, devido à reorganiza­ção judiciária. Segundo os responsáve­is do CSM, é necessário corrigir, “em certas zonas”, as grandes distâncias a que famílias e menores, além das comissões de proteção de crianças e jovens, estão agora sujeitos para acederem aos tribunais, desde 1 de setembro de 2014.

Num balanço do novo mapa judiciário, o presidente do CSM, Henriques Gaspar, garantiu que este órgão detetou vários “constrangi­mentos”, principalm­ente “nas Instâncias Centrais de Família e Menores, nas zonas geográfica­s alargadas no interior do país, nomeadamen­te nas Beiras, Trás-osMontes, Alentejo e Açores”.

“Nota-se aqui, pelas circunstân­cias geográfica­s, uma dificuldad­e de acesso dos interessad­os à Justiça de Menores. E falo de todas as competênci­as das instâncias de famílias e menores”, acusou o juiz conselheir­o, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, na sede do CSM, em Lisboa.

Henriques Gaspar sublinhou que em causa estão o “regime de regulação do exercício das responsabi­lidades parentais, da proteção de menores, o acompanham­ento e coordenaçã­o pelas comissões de proteção”. “Ou seja, tudo o que tem a ver com questões emocionais e sociais de alguma gravidade, que necessitam de uma atenção em particular”, resumiu, concluindo , por isso, ser “necessário introduzir algumas correções”, nem que seja voltar atrás naquilo que já possa ter sido deslocado.

“Em situações de maior dificuldad­e, quando estas competênci­as são exercidas pelas instâncias locais e não pela instância especializ­ada, há um resultado e um sentimento positivo. E isso não prejudica a administra­ção da Justiça em qualidade e, num outro ponto de vista, aproxima mais os cidadãos”, apontou, numa análise que detetou também problemas nos tribunais de Comércio e Execução, provocados pela concentraç­ão de processos. Este cenário provoca um “baixíssimo” nível de exequibili­dade, que “deve ser estudado”.

O CSM alertou ainda para as condições de “indignidad­e para o exercício judicial” a que os funcionári­os, magistrado­s e juízes estão sujeitos em determinad­as instalaçõe­s de norte a sul do país.

Ao JN, em reação a tais alertas, o Ministério da Justiça transmitiu que, “no respeito pelo principio da separação dos poderes”, “não comenta posições públicas do Conselho Superior das Magistratu­ra”.

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Presidente do Conselho Superior de Magistratu­ra garante que novo mapa judiciário mina relação dos cidadãos com Justiça

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