“Lopetegui deu conversa a mais a alguns figurões”
F. C. Porto Pinto da Costa manifestou total apoio ao treinador espanhol e voltou a criticar, duramente, Fernando Gomes, líder federativo
Presidente do F. C. Porto defende treinador, com quem vai “analisar o que correu bem e mal”. Acusa Fernando Gomes (FPF) de “voltar as costas à cidade”. Garante que Jackson só sai por 35 milhões
Vou falar com o treinador e analisar o que correu bem e mal. Pessoas acham que esta época foi uma tragédia” “Não sei quem pagou para promover algo que não tinha pernas para andar. Figo pôs-se a jeito ao falar em transparência” “O João [Vieira] Pinto não pode estar sentado no banco da seleção quando agrediu um árbitro. Esteve para ser irradiado”
Na tomada de posse de Lourenço Pinto como presidente da Associação de Futebol do Porto para o próximo quadriénio, Pinto da Costa voltou a manifestar total apoio a Julen Lopetegui, mostrando-se muito satisfeito pela forma como o treinador sempre defendeu a equipa. O presidente dos dragões revelou que vai reunir com o basco para fazer o balanço da época, que considera bem melhor do que a anterior, apesar de os dragões não terem conquistado qualquer troféu.
“Nunca ninguém concorda com tudo, mas há uma coisa que vejo com muito agrado: o treinador defende, intransigentemente, não o seu lugar, mas o grupo que lidera. Gosto muito disso”, elogiou Pinto da Costa, reconhecendo, porém, que o técnico deveria ter-se resguardado um pouco mais. “Acho que, por não conhecer bem o futebol e a Imprensa portuguesa, talvez tenha dado conversa a mais a alguns figurões”, fez notar o líder portista, não especificando se estava a falar de Rui Gomes da Silva, comentador da SIC e vice-presidente do Benfica. “Isso não conta. Está ali a ganhar o dele”, respondeu, sorridente.
Pré-época na Europa
Numa época para (não) esquecer, Pinto da Costa escusou-se a fazer já um balanço do que correu mal, garantindo, apenas, que o fará primeiramente com Julen Lopetegui. “Primeiro, vou falar com o treinador e analisar o que correu bem e mal. As pessoas acham que esta época foi uma tragédia, mas, comparativamente com a anterior, foi bem melhor. Garantimos a ida à Champions e fomos a única equipa portuguesa que passou a fase de grupos. No ano anterior, nem isso conseguimos. É evidente que não queríamos isto. Queremos ganhar e é para isso que trabalhámos. Vai ser uma semana intensa, de reuniões com o treinador para definir bem as coisas antes dele ir de férias”, disse o dirigente, explicando o porquê do F. C. Porto abortar a participação na International Cup. “Tínhamos dado o acordo para fazer os jogos em Nova Iorque. Unicamente, havia um quarto jogo no México que o treinador e nós, departamento de futebol, entendemos que uma coisa é jogar num raio de 100 ou 200 quilómetros. Outra era fazer 5.30 horas de viagem de avião e jogar a dois mil metros de altitude com 40 graus. Entendemos que era prejudicial e que não iríamos”, explicou Pinto da Costa, garantindo que a pré-época “será na Europa”.
Ataque cerrado a Fernando Gomes
Durante a cerimónia, Pinto da Costa, que teve a palavra no papel de presidente de um clube cofundador da A. F. Porto, a par do Leixões, fez uso da ironia para criticar as ausências de Fernando Gomes, Luís Duque e Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto. “Faltam aqui algumas figuras porque, hoje [ontem], há festa na Luz. Quem cá não está, as pessoas já passaram a vêlos como frequentadores da capital, do centralismo nacional. Espero que Lourenço Pinto combata esta tendência, como, de resto, tem feito”, disse Pinto da Costa, que, no final, voltou a tecer duras críticas a Fernando Gomes: “Lamento que o presidente da Liga e da Federação não estejam num ato destes. Do presidente da Federação já não me admira, porque parece que voltou as costas à cidade, pois nunca mais veio ver um jogo ao Dragão. O F. C. Porto esteve nos oitavos e quartos de final da Champions e a Federação alheou-se desse acontecimento. É triste”.
Figo e JVP como armas de arremesso
Com Fernando Gomes como alvo, Pinto da Costa garante não ter ficado surpreso com a desistência de Luís Figo à candidatura à presidência da FIFA. “Quando, naquela gala, deram só três minutos ao presidente da FIFA para falar não me cheirou bem e palpitou-me logo que iria haver jogada nesse sentido, como houve três dias depois. Fiquei surpreendido por o F. C. Porto e os outros clubes não terem sido contactados e manifestei essa estranheza ao presidente da Liga e da A. F. Porto, que me disseram que também não foram contactados. Portanto, foram duas ou três pessoas que resolveram gastar dinheiro, e bom dinheiro, seja de onde tenha saído. Até houve voos privados para levar o Figo, acompanhado de um membro do Governo. Não sei quem pagou para promover uma coisa que não tinha pernas para andar”, questionou Pinto da Costa, explicando porque Luís Figo não se deveria ter candidatado. “Todos sabem que foi proibido de jogar em Itália porque assinou ao mesmo tempo pela Juventus e pelo Parma. Uma pessoa que tem na sua brilhante carreira um episódio destes, é pôr-se a jeito quando vem falar em transparência”, considerou o presidente do F. C. Porto, garantindo que todo este caso poderá ter reflexos negativos para Portugal. “O futebol português não é do dr. Fernando Gomes. Já conseguiu os seus objetivos, que era estar na UEFA. Agora, tem de pensar que não pode brincar. Ganhou as eleições porque o Sindicato dos Jogadores mudou de sentido, ao dar o lugar ao João [Vieira] Pinto. Obviamente, o João [Vieira] Pinto, com quem tenho um bom relacionamento, não pode estar sentado no banco da seleção quando agrediu um árbitro num Mundial. Até esteve para ser irradiado”, lembrou Pinto da Costa, voltando a questionar as nomeações dos árbitros e o “porquê do controlo antidoping num jogo em que estava tudo resolvido”, o F. C. Porto-Penafiel.