Padre Ricardo prega contra a bruxaria
Caminha Sessões de catequese para adultos em Seixas, Lanhelas e Vilar de Mouros sempre com a igreja cheia
Um telemóvel toca insistentemente dentro da igreja cheia. O padre que se prepara para falar aos paroquianos dirige-se à proprietária do aparelho: “Atenda, atenda. Diga ao seu marido que vou falar do diabo”. A assistência sorri perante a atitude do pároco Ricardo Esteves. Não é a primeira vez que o sacerdote, com 32 anos e que há seis orienta as paróquias de Seixas, Lanhelas e Vilar de Mouros, em Caminha, surpreende a comunidade.
Tido como um “padre do século XXI”, devido à sua postura jovem e descontraída, tem por costume nas missas alertar para os perigos de práticas relacionadas com o oculto, esoterismo, adivinhação, bruxarias, tarôs e centros espíritas. Nas últimas semanas foi mais longe e passou a abordar o tema numa ca- tequese para adultos, à sexta-feira à noite, nas três igrejas onde celebra. Sempre com casa cheia.
Bruxarias à porta da igreja
“Não tirem terra do cemitério, só isso é abrir o coração para a ação do Diabo”, avisou, depois de esclarecer o que são o demónio – na Bíblia tem “10 definições” -, os distúrbios e a possessão diabólicos, e quais os seus sintomas.
“Já dei comunhão a uma pessoa que não conseguia abrir a boca. Cerrava os dentes. Queria, mas não conseguia comungar. Às vezes, esses doentes não conseguem entrar em igrejas e cemitérios”, disse, explicando ainda em que consiste o exorcismo.
Segundo o padre, rituais e bruxarias são frequentes nas suas paróquias. Junto à porta da igreja já encontrou pães e velas. Com os seus apelos, diz, tenta “desmistifi- car, segundo o pensamento e leis da Igreja Católica, as ideias e vivências erradas e até comprometedoras de fiéis e não fiéis”.
“Muitas pessoas vêm ter comigo porque o trabalho não corre bem, porque alguém em casa tem comportamentos estranhos ou porque sentem presenças, vultos, entre outros sintomas e distúrbios”. Considera que “na maior parte dos casos são de origem psicológica, mas há outros que quando a ciência e a própria medicina descartam qualquer justificação para certos comportamentos anómalos, inexplicáveis, tento estar atento, e falo com as pessoas sobre a necessidade de abandonar certas práticas, que nos conduzem para o demónio”.
Anteontem, no fim de mais uma sessão, avisou o povo: “Não me venham pedir ajuda porque não vou receber mais ninguém se as pessoas não cumprirem o que digo”.