Jornal de Notícias

Costa receia governo de gestão até abril

Legislativ­as Líder socialista apela à maioria sob pena de Cavaco Silva não dar posse a novo Executivo

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O secretário-geral do PS fez ontem uma espécie de chantagem com os portuguese­s ao afirmar que se não lhe derem maioria absoluta nas legislativ­as, é possível que o atual Governo PSD/CDS-PP possa prolongar-se até abril de 2016.

“No contexto atual, em que o presidente da República decidiu marcar as eleições para uma data onde ele próprio já tem os poderes muitíssimo limitados, mas onde resolveu impor a condição original de que não aceitará governos minoritári­os, os portuguese­s têm uma escolha clara pela frente: ou dão condições de governação maioritári­a ao PS ou terão de ver arrastar em agonia a atual coligação, em Governo de gestão, pelo menos até fevereiro do próximo ano. Ou, se houver segunda volta nas eleições presidenci­ais, quem sabe até abril do próximo ano”, declarou, ontem, António Costa em entrevista ao jornal digital “Observador”.

Na opinião do líder socialista, o problema não está no facto de o PS não aceitar formar Governo caso não tenha maioria, mas na decisão anunciada por Cavaco Silva em novembro do ano passado, ao semanário “Expresso”, de não dar posse a um governo minoritári­o, o que, sublinhou, “seria extremamen­te negativo para o país”.

A afirmação provocou reações na Oposição, nomeadamen­te no Bloco de Esquerda (BE), que classifico­u a teoria como sendo uma “fantasia aberrante” do líder do PS.

“Há um desespero de tornar estas eleições sobre o voto útil que não dizem nada de bem da democracia”, defendeu Catarina Martins, porta-voz do BE. “Quem vem a eleições tem é de apresentar projetos, de mobilizar, e não lançar medo ou possibilid­ades aberrantes, porque essas não ajudam ao debate”, acrescento­u.

Marcelo Rebelo de Sousa comentou também a possibilid­ade levantada por Costa e garantiu que, a acontecer, seria “uma má solução”. “O facto de haver um prolongame­nto do Governo em gestão sem nomeação de um novo Governo tem um preço muito grande: não é possível elaborar o orçamento, tem de se governar com duodécimos e caem as medidas adotadas de acordo com a União Europeia”, justificou o comentador político, que ontem esteve na Maia, ainda a celebrar os 40 anos do PSD.

Costa quer escolher governador

Na mesma entrevista, António Costa deixou claro que não aprova a continuida­de de Carlos Costa no Banco de Portugal e frisou que considera “impensável” que o Governo encontre um sucessor para o governador, cujo mandato termina em junho,“sem que seja numa consulta com o PS”.

Confrontad­o com essa exigência, Pedro Passos Coelho defendeu que a “escolha é do Governo, nos termos da lei, e que o Governo respeitará a própria lei e fará a sua escolha”. Apesar disso, ressalvou, “não quer dizer que não possa ser consensual”. Ainda assim, insistiu que o PSD “já não designa um governador há muitos anos”.

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Líder do PS diz que prolongame­nto de governo seria “extremamen­te negativo”
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Professor Eventual prolongame­nto do exercício do atual Governo teria um preço muito grande para o país (...): o ano de 2016 começaria com um buraco orçamental monumental”
Marcelo Rebelo de Sousa Professor Eventual prolongame­nto do exercício do atual Governo teria um preço muito grande para o país (...): o ano de 2016 começaria com um buraco orçamental monumental”

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