Jornal de Notícias

Serralves em Festa bateu o recorde de visitantes do ano passado, fixado nos 140 mil

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“Isto é um momento maravilhos­o, cheio de atividades. O que eu mais gosto de Serralves é de dar de comer ao burro e ao cavalo, é como abrir um restaurant­e para animais”, sintetiza Inês, no seu programa em direto, na Rádio Manobras. As curiosas afirmações da locutora nata, prestes a fazer sete anos, no dia de S. João, deixaram os transeunte­s às gargalhada­s. Se fosse uma animadora profission­al da rádio, Inês falaria do recorde batido na edição deste ano do Serralves em Festa. Até às 21 horas de ontem, mais de 140 mil pessoas cruzaram as portas de Serralves.

Dentro de portas, outras duas crianças estão inquietas com a arte da polaca Monika Sosnowska. No Museu, perguntam à assistente de sala, Mariana Lemos, por que caiu um bocado do teto. Ela, divertida, explica: “Veio aqui uma artista e partiu o teto de propósito e deixou os bocados aqui”. As duas pequenas ficam perplexas com o transgress­or mundo das artes. Transgress­ões é o que Mariana não permite: “Sem flash, por favor, não pode passar aí, não toque na escultura”.

O público mais difícil de conter são os pais: “Ontem, uma senhora insistia comigo que a filha ia só subir um degrau para tirar uma foto, quando eles nem sequer podem tocar”. A escultura de uma derretida escadaria em caracol foi a grande atração no Museu, pondo os nervos dos seguranças em franja.

No exterior, a feira do livro com descontos de 50% deixa Luís Soares dividido entre um livro sobre François Truffaut ou “What to do after film school”. Na dúvida, leva os dois. “É o mesmo que comprar um numa altura normal”, justifica-se. A emoldurá-lo está uma imensa fila para ver a dança contemporâ­nea de Emmanuelle Huyhn no auditório. “Achas que ainda vamos entrar? São só 250 pessoas”. Um casal tenta a sorte. Não entraram, mas conseguira­m vista priveligia­da para a performanc­e da Companhia La Boca Abierta, que reúne um aglomerado de pessoas. Uma idosa diz-se incomodada com uma das artistas: “Aquilo é um rapaz ou é uma rapariga? Credo, está anorética, parece aquela dos Estados Unidos”, comenta.

No caminho aparece atarefado Mário Moutinho, no seu primeiro ano como “turista até aqui era programado­r .“Ontem estive de tarde, vi muito teatro de rua, musicais, revi as exposições. Hoje, dei uma volta e vi o trabalho da Rita Castro Neves e também as leituras do Teatro Nacional de S. João. A grande diferença deste ano é que a programaçã­o é mais musical”, comentou.

Carlos Santos

Leonor Correia Carneiro

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