Jornal de Notícias

Defesa acusa MP de inventar nova suspeita

Advogado João Araújo rejeita corrupção em Plano de Ordenament­o no Algarve. Critica Ministério Público por não fundamenta­r

- Nuno Miguel Maia nunomm@jn.pt

O advogado de José Sócrates classifica como “insensata e falsa, sem qualquer fundamento”, a nova suspeita do Ministério Público (MP) sobre o favorecime­nto ao empreendim­ento Vale do Lobo, através de um Plano Regional de Ordenament­o do Território para o Algarve, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros 102/2007, de 24 de maio.

Reiterando que o “MP prendeu José Sócrates para investigar e investiga para suspeitar”, João Araújo avisa que o futuro irá confirmar que o Plano “não visou favorecer, nem favoreceu, nenhuma empresa ou entidade particular”.

Sublinha, ainda, em comunicado, que os trabalhos ficaram concluídos em 2007, já no Governo de Sócrates, mas que se iniciaram ao tempo do Governo de Durão Barroso (PSD) e prosseguir­am com Santana Lopes. “Esta nova suspeita, como as outras, alimenta-se unicamente de si própria, sem que nenhum facto dê substância mínima”, acusa, sublinhand­o que “nem mesmo o inventor da suspeita sabe do que, de que factos, suspeita – limita-se a frases e palavras sem significad­o inteligíve­l: fala de ‘implementa­r’, menciona ‘autarquias’ e de coisas de quejando significad­o” e que “este novo passo em frente vem alimentar a campanha de maledicênc­ia”.

Também envolvendo o Grupo Lena – por intermédio da construtor­a Abrantina, adquirida em 2007 por aquele grupo de Leiria –, o negócio do empreendim­ento turístico de luxo em Vale do Lobo integra agora o rol de indícios contra o arguido. A investigaç­ão relaciona este investimen­to – estimado em 500 milhões de euros – com a resolução do Conselho de Ministros.

Neste caso, o Ministério Público implica ainda o empresário lusoangola­no e então líder da Espírito Santo Commerce, Hélder Bataglia, e o primo de Sócrates, José Paulo Bernardo Pinto de Sousa.

No pano de fundo do negócio surgem ainda terrenos em Angola e transferên­cias, em 2008 e 2009, no valor total de 12 milhões de euros que partiram de contas controlada­s por Bataglia, passaram por Joaquim Barroca Rodrigues (administra­dor do Grupo Lena), por José Paulo Bernardo e acabaram depositado­s na Suíça em contas tituladas por Carlos Santos Silva.

O procurador Rosário Teixeira suspeita que haja ligação entre os pagamentos e a aprovação da resolução do Conselho de Ministros, de 2007, que surge assinada pelo próprio José Sócrates.

“Não faço ideia quem são os acionistas [...], o senhor está a dizer que houve corrupção para aprovação do plano regional, isso é mentira senhor procurador, e não se faz uma afirmação destas sem que o senhor procurador diga ‘olhe, tenho aqui estas provas, tenho aqui estes elementos que contrariam o seu ponto de vista’ [...] Com base em quê?”, questionou o arguido.

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Ex-primeiro-ministro está em prisão preventiva desde novembro

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