Jornal de Notícias

1200 docentes dispensado­s de avaliação

Educação Professore­s aplaudem despacho que isenta de prova parte dos que entraram no quadro este ano

- Dina Margato dina.margato@jn.pt

Um professor pode demorar entre cinco a 30 anos a conseguir entrar nos Quadros de Zona Pedagógica (QZP) e, quando o consegue, ainda tem de ultrapassa­r a barreira do regime probatório, uma avaliação anual de forma a provar a sua competênci­a. São as regras, não fora um despacho agora publicado que cria exceções e isenta deste teste os docentes com mais de cinco anos de serviço e aprovação de “Bom” ou os que possuem 730 dias de exercício efetivo prestado no mesmo nível de ensino e grupo de recrutamen­to nos últimos cinco anos. A orientação dispensa, este ano, cerca de 1200 dos 1500 professore­s novos no quadro, explica Mário Nogueira, líder da Federação Nacional dos Professore­s, Fenprof.

“Ainda agora conheci um professor que entrou no quadro depois de 27 anos de serviço. O que tem a provar alguém com 27 anos de serviço?”, questiona Mário Nogueira. O despacho não é propriamen­te novo. É o terceiro ano consecutiv­o que o Ministério da Educação o publica. O que o dirigente sindical não percebe é “porque não se consagra na lei esta medida e se cria este compasso de espera até ao conhe- cimento do despacho. Devia estar previsto na legislação para evitar este foco de instabilid­ade”. A Fenprof já tinha perguntado à Direção-Geral da Administra­ção Escolar sobre as normas a aplicar este ano e congratula-se agora com esta confirmaçã­o.

A razão esconde-se, no entender do representa­nte sindical, em aspetos de ordem financeira. É também por isso que não tem sido feita a atualizaçã­o dos escalões. “Antes, mal se entrava no quadro, o professor via os anos de serviço compensado­s com o escalão respetivo. Utilizando o argumento de não poder haver valorizaçã­o salarial na Função Pública, ficam todos no primeiro escalão, ganhando o mesmo”. A diferença salarial pode atingir os 1000 euros para os mais antigos, com décadas de ensino no currículo.

Os 730 dias definidos no despacho destinam-se aos docentes que tenham ensinado a mesma disciplina, ficando de fora os que mudaram de grupo de recrutamen­to. Os 1200 docentes agora abrangidos ficam à mercê de um sistema de autoavalia­ção igualmente impeditivo de progressão, segundo a Fenprof . Nos últimos três anos, entraram nos QZP 4000 professore­s, incluindo os cerca de 1500 deste ano.

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Em causa regime probatório aplicado aos professore­s que entram nos quadros

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