Iludidos com “poupança”
Lesados do BES Emigrantes contam como foram levados a aplicar dinheiro em produtos afinal sem capital garantido. Acusam políticos
Foram à procura de vidas melhores em França, na Suíça e na Bélgica, mas nunca perderam a ligação ao país natal. Eram daqueles emigrantes que enviavam remessas para Portugal. Foram clientes do BES e não duvidaram dos produtos propostos: “Poupança Plus” e “Euro Aforro”. “Poupança” e “Aforro” – dizem – fez-lhes confiar nas aplicações que, afinal, só aparentemente eram seguras.
São famílias de emigrantes “lesados do BES” que, agora, não se conformam com a ideia de perder avultadas quantias no banco em que acreditaram. Ao JN, as famílias de José Campos e de Manuel Monteiro – residentes em França – asseguram ter perdido tudo, mas mesmo tudo, porque as suas poupanças estavam integralmente entregues ao BES. Porém, por reserva, não querem revelar publicamente quanto lá tinham.
“Se eu não tivesse uma reforma estaria a passar fome”, garante José Campos, natural de Riba de Ave, mas a viver em em Paris há 42 anos, onde trabalhou como porteiro de um prédio, enquanto funcionário da autarquia local, e um dos manifestantes de sexta-feira à porta do Novo Banco, na Avenida dos Aliados, no Porto.
“O mais impressionante é o facto de nenhum responsável político, seja dos partidos do Governo, seja da Oposição, ter comparecido nas nossas manifestações. Nem uma palavra de solidariedade. Os emigrantes só servem mesmo para enviar dinheiro para Portugal”, diz, revoltado, até com a proposta do Novo Banco, para devolução parcial e faseada do dinheiro perdido no produto “Poupança Plus”, em que perdeu todas as suas economias.
Já Pedro Taveira, natural de Vila Real e dono de um restaurante na Bélgica, é o exemplo de alguém que nunca colocou “os ovos todos no mesmo cesto”. “Tinha contas no BPI, na Caixa e tinha algum no BES. Quando se falou em problemas, pedi para levantar o dinheiro, mas eles diziam que não podia e mostravamme o extrato com a referência da “Poupança Plus” especial para emigrantes. Garantiram que não ia à falência. Agora é o que se vê.”