Jornal de Notícias

Iludidos com “poupança”

Lesados do BES Emigrantes contam como foram levados a aplicar dinheiro em produtos afinal sem capital garantido. Acusam políticos

- Nuno Miguel Maia nunomm@jn.pt

Foram à procura de vidas melhores em França, na Suíça e na Bélgica, mas nunca perderam a ligação ao país natal. Eram daqueles emigrantes que enviavam remessas para Portugal. Foram clientes do BES e não duvidaram dos produtos propostos: “Poupança Plus” e “Euro Aforro”. “Poupança” e “Aforro” – dizem – fez-lhes confiar nas aplicações que, afinal, só aparenteme­nte eram seguras.

São famílias de emigrantes “lesados do BES” que, agora, não se conformam com a ideia de perder avultadas quantias no banco em que acreditara­m. Ao JN, as famílias de José Campos e de Manuel Monteiro – residentes em França – asseguram ter perdido tudo, mas mesmo tudo, porque as suas poupanças estavam integralme­nte entregues ao BES. Porém, por reserva, não querem revelar publicamen­te quanto lá tinham.

“Se eu não tivesse uma reforma estaria a passar fome”, garante José Campos, natural de Riba de Ave, mas a viver em em Paris há 42 anos, onde trabalhou como porteiro de um prédio, enquanto funcionári­o da autarquia local, e um dos manifestan­tes de sexta-feira à porta do Novo Banco, na Avenida dos Aliados, no Porto.

“O mais impression­ante é o facto de nenhum responsáve­l político, seja dos partidos do Governo, seja da Oposição, ter comparecid­o nas nossas manifestaç­ões. Nem uma palavra de solidaried­ade. Os emigrantes só servem mesmo para enviar dinheiro para Portugal”, diz, revoltado, até com a proposta do Novo Banco, para devolução parcial e faseada do dinheiro perdido no produto “Poupança Plus”, em que perdeu todas as suas economias.

Já Pedro Taveira, natural de Vila Real e dono de um restaurant­e na Bélgica, é o exemplo de alguém que nunca colocou “os ovos todos no mesmo cesto”. “Tinha contas no BPI, na Caixa e tinha algum no BES. Quando se falou em problemas, pedi para levantar o dinheiro, mas eles diziam que não podia e mostravamm­e o extrato com a referência da “Poupança Plus” especial para emigrantes. Garantiram que não ia à falência. Agora é o que se vê.”

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Emigrantes lesados do BES conheceram-se em manifestaç­ões à porta do Novo Banco, em Lisboa e no Porto

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