Jornal de Notícias

Bairro espera televisão por cabo há seis anos

Porto Antenas parabólica­s retiradas de S. Roque da Lameira, em Campanhã, em 2009. Autarquia aguarda resolução de problemas na gestão da Porto Digital

- Célia Soares locais@jn.pt

moradores do bairro de S. Roque da Lameira, na freguesia de Campanhã, no Porto, queixam-se de que há muito não têm acesso a serviço de televisão por cabo. Um problema que se arrasta há mais de seis anos, altura em que quem tinha antenas parabólica­s em casa se viu obrigado, por ordem camarária, a retirar aqueles equipament­os.

Tudo começou com a instalação dos serviços da Associação Porto Digital. A empresa assegurava apenas a transmissã­o dos quatro canais em sinal aberto e da TV Porto, um canal de televisão ao serviço do município, na altura em que Rui Rio era o presidente da Câmara Municipal, e, ainda, serviços de internet e telefone.

Ao longo destes seis anos, muitas foram as tentativas feitas por parte dos habitantes do bairro no sentido de tentar solucionar o problema que, segundo eles, ”indigna toda a gente”. Contudo, afirmam que como resposta tiveram apenas “algumas promessas, que nunca passaram disso”.

“Já batemos a todas as portas”, dizem, explicando que já contactara­m várias vezes a Câmara Municipal do Porto e a Junta de Campa- nhã. Uma vez que o problema nunca se resolveu, enviaram, também, várias cartas e emails à Domus Social e à Associação de Defesa do Consumidor (DECO). A última tentativa foi a elaboração de um abaixo-assinado que, com cerca de 300 assinatura­s, foi entregue à Domus Social, mas, mais uma vez, os moradores não obtiveram qualquer resposta.

Delfim Semblano mora naquele bairro há mais de 50 anos e tem sido, até agora, um dos habitantes mais ativos naquela que consideram ser uma “luta inglória”.

“Aqui muita gente tinha TV Cabo e, na altura [em 2009] , fomos todos obrigados a retirar as antenas, mas quando o fizemos estávamos longe de imaginar que passado este tempo iríamos continuar na mesma situação”, afiança, contestand­o que “para a Câmara Municipal do Porto, o bairro de S. Roque da Lameira é tratado como um parente pobre”. Revoltado, afirma que “ninguém está a pedir favores à Autarquia uma vez que o dinheiro sai do bolso dos moradores”.

Da mesma indignação partilha o vizinho Mário Gomes. “É lamentável que eu tenha de ir ao café sempre que queira, por exemplo, assistir a um jogo de futebol, quando sempre tive a possibilid­ade de fazer isso sem sair de casa”.

Cansados de esperar, no bairro há quem diga que “se ninguém resolver o problema”, irão proceder à instalação das antenas, à revelia da Câmara Municipal e, “em último recurso”, estão dispostos a levar a Autarquia a tribunal.

Contactada pelo JN, a Câmara diz que “quando o atual Executivo tomou posse, aquela associação [Porto Digital] atravessav­a um processo judicial complexo que condiciono­u o seu desenvolvi­mento, nomeadamen­te a expansão e atualizaçã­o da rede”, adiantando que “conforme esclareceu o doutor [e vereador] Manuel Pizarro em reunião de Câmara quando, recentemen­te, o assunto foi abordado, “temos esperança de que a resolução dos problemas de gestão da Porto Digital venha a permitir que esses problemas técnicos sejam resolvidos num futuro próximo”.

Moradores bateram a todas as portas mas nunca conseguira­m resolver o problema

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Moradores consideram estar a viver uma “situação insustentá­vel”
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No solo, é possível ver que existem algumas caixas de transmissã­o de sinal

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