Menina tentou em vão avisar crianças atropeladas
Ourém Condutor do automóvel que embateu em três bicicletas entregou-se ontem à GNR. Um dos três menores feridos no acidente está em coma induzido
A irmã de uma das três crianças atropeladas anteontem, no concelho de Ourém, ainda tentou avisálas de que estava a aproximar-se uma viatura, mas já não foi a tempo de evitar a violenta colisão, que fez voar os destroços das bicicletas mais de 20 metros. O condutor da viatura envolvida no acidente, de 50 anos, fugiu do local, mas entregou-se ontem de manhã no posto da GNR de Ourém. À tarde foi ouvido em tribunal, tendo o juiz decidido que vai ficar a aguardar julgamento em liberdade, com termo de identidade e residência.
Gabriela Sousa, de 14 anos, seguia a pé pela estrada que liga Atouguia a Alvega, ao lado do irmão gémeo – Rúben Sousa – e dos amigos Tomás Baptista, 12 anos, e Nuno Serôdio, de 16 , que iam em duas bicicletas. Ainda gritou “carro, carro, carro”, mas mal acabou de pronunciar a última palavra deu-se a colisão. A violência do embate entre o carro e os velocípedes foi tal que um selim foi parar “a mais de 20 metros de distância”, segundo José Lemos, morador na casa mais próxima do local do acidente.
Nuno foi o que ficou em estado mais grave e foi transportado de helicóptero para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde se encontrava ontem nos cuidados intensivos, mas estável. Os outros dois estão internados no Hospital Pediátrico de Coimbra. Tomás, filho de uma funcionária da Junta de Freguesia de Atouguia, foi sujeito a uma intervenção cirúrgica e “poderá ter alta nos próximos dias”, de acordo com o presidente da Autarquia. Já Rúben encontra-se “em coma induzido e o seu prognóstico é reservado”.
Depois de ter abandonado os três menores feridos, após a colisão, o condutor do automóvel, Joaquim Rocha, fugiu e só se entregou ontem de manhã, por volta das 8.30 horas, na GNR de Ourém, acompanhado pela mulher.
Depois de constituído arguido, foi presente a um juiz de instrução criminal de Ourém, ao início da tarde. Apesar do reforço policial à entrada do tribunal, por receio de uma possível reação popular, o homem, residente em Pinhel (Ourém) e pai de três filhos menores, entrou no Palácio de Justiça sem problemas.
População reza pelas crianças
Fonte da empresa onde trabalha há mais de 30 anos, como motorista de pesados, manifestou-se surpreendida com o sucedido. “É uma pessoa prestável, muito reservada e que nunca teve problemas”, disse uma funcionária da Carbrica, adiantando que Joaquim Rocha se dedica à distribuição de carvão e madeiras, mas está sempre disponível “para ajudar no que for preciso”.
Em Atouguia, a maioria dos populares contactados ontem pelo JN “reza” pelas melhoras das três crianças, “condena” o facto de Joaquim ter fugido o local do acidente, mas, “no fundo”, não quer mal ao homem, pois também ele “tem uma família” para cuidar.
Violência do embate projetou selim de uma bicicleta mais de 20 metros