“Aquela final foi o meu maior desgosto enquanto futebolista”
Taça UEFA 2005 Beto recorda duelo perdido com o CSKA Moscovo em pleno Estádio de Alvalade
dia que nenhum sportinguista esquece. A 18 de maio de 2005, o Sporting perdeu, em pleno Estádio de Alvalade, a final da Taça UEFA contra o CSKA Moscovo. Agora, precisamente dez anos e três meses depois, as duas equipas reencontram-se no mesmo palco para começar a disputar o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. O JN falou com Beto e o antigo central dos leões, agora com 39 anos, não esconde o desgosto pela oportunidade perdida, depois de uma carreira na qual conquistou dois campeonatos, uma Taça de Portugal e duas Supertaças Cândido de Oliveira com a camisola verde e branca.
Ainda é difícil recordar a final da Taça UEFA 2005?
Muito, muito difícil. Depois de tantos anos, é algo que ainda me vem à cabeça com bastante regularidade. É um desgosto enorme não ter conquistado um troféu europeu pelo clube do meu coração e, ainda por cima, a jogar a final em casa. E, como se isso não bastasse, estávamos a ganhar 1-0 ao intervalo. Sem dúvida que aquela final foi o meu maior desgosto enquanto futebolista.
O que correu mal nesse jogo contra o CSKA?
Costumo dizer que é fácil arranjar desculpas quando perdemos, mas que isso não adianta nada. Em relação a esse jogo, fizemos uma excelente primeira parte, ex- traordinária mesmo, mas, na segunda, não conseguimos ser iguais e acabámos por sofrer os contra-ataques do CSKA, que decidiram a partida.
E também houve aquele lance em que o Sporting falha o 2-2, a bola vai ao poste e lança o contra-ataque dos russos, do qual nasce o terceiro golo...
É verdade! Estivemos a centímetros do empate e acabámos por sofrer o golo decisivo na resposta. A sorte, ou neste caso a falta dela, faz parte do futebol, mas, repito, acho que o mais importante foi não termos conseguido manter o nível futebolístico na segunda parte do jogo.
Fizemos uma excelente primeira parte na final, extraordinária mesmo, mas não conseguimos ser iguais no segundo tempo”
O Sporting já está a um grande nível nesta fase e há que dar mérito a quem o merece: a Jorge Jesus e à sua equipa técnica”
O Sporting tem, agora, a hipótese de conseguir uma pequena desforra do CSKA. Acredita no apuramento da equipa de Jorge Jesus?
São situações totalmente distintas e julgo que não faz sentido falar de vingança, como já li e ouvi na televisão. É um jogo importantíssimo para o meu Sporting, claro que sim, mas não é uma final europeia em casa! Acredito que o Sporting vai fazer um bom jogo e tentar conseguir um resultado que dê algum conforto para a segunda mão, na Rússia. Não vai ser uma eliminatória fácil, mas se a equipa for igual a si própria vai estar onde merece: na fase de grupos da Champions.
Depois das vitórias contra o Benfica, na Supertaça, e contra o Tondela, na primeira jornada da Liga, o que lhe parece este Sporting?
Costumo dizer que as boas equipas têm de ter, sobretudo, intensidade e uma filosofia de jogo bem definida. Se calhar, não esperávamos estar já neste nível e temos de dar valor a quem o merece: a equipa técnica liderada pelo Jorge Jesus. O Sporting já está a um grande nível.
O Sporting é mais candidato ao título português neste ano do que nas épocas anteriores?
Sem qualquer dúvida. Neste ano, há, realmente, três candidatos ao título e acredito que vamos ter um campeonato fantástico. Quem tem a ganhar com tudo isto, e com as boas contratações, é o futebol português. Temos três candidatos muito fortes e talvez surjam algumas surpresas de equipas capazes de roubar pontos a Benfica, F. C. Porto e Sporting.
Deixou o cargo de diretor de relações internacionais do Sporting em 2013 e, agora, estreou-se como treinador nos juvenis do Oeiras. Como está a correr a experiência como técnico?
Muito bem. Sempre disse que gostaria de treinar e é a primeira vez que tenho essa chance. Estou a gostar e é bom passar aos miúdos aquilo que aprendi ao longo de vinte anos de carreira, formando jogadores e homens. E não está a correr nada mal: ganhámos 2-1 ao Cova da Piedade na primeira jornada.