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Os fracos pagam a crise

Na propaganda avassalado­ra que nos invade dia a dia, tudo vem sendo manipulado para apresentar resultados mentirosos, dos quais o desemprego não é o menos martelado. De facto, bastou o “chefe” mostrar desagrado com os números inicialmen­te anunciados, para de imediato serem retocados a seu gosto. À porta da repartição de Finanças, aguardando a abertura, um idoso relatava que, da sua pensão de menos de 600 euros, vivem três pessoas. Não pagava IRS até à sobretaxa, que lhe levou, no primeiro ano, 130 euros e, para este, já são 182 euros. Ia perguntar se não terá havido engano… À saída, desanimado, disse que o informaram de que estava tudo correto. Mas, com aquele ar descontraí­do de quem mente como respira, o primeiro-ministro dizia, na TV, que tudo fizera para poupar os mais fracos. A verdade é que foi precisamen­te a esses que mais atacaram. É que eles olham para uma pensão como se ela fosse inteira para o seu titular. Se à custa dela sobreviver­em várias pessoas, isso é problema dos governante­s. Daí que todos os dias haja gente a ser despejada, a pedir ajuda para pagar água, luz e gás e a recorrer às cantinas sociais para ter uma refeição decente. É um país tolo o meu. Maluco até à exaustão, até à obscenidad­e. Cada vez mais idosos entregues à sua solidão, com pensões que obrigam a pensar. O número de crianças com fome é uma barriga cheia todos os dias. E os incêndios? Tantos, que já é rotineiro falar deles. Tem de se fechar portas, janelas e postigos, porque cheira a queimado que se farta. O abandono de animais por essas estradas fora, por aqueles que procuram o sol no Algarve. A tortura de toiros por cruéis toureiros, nessas arenas cheias de marialvas a aplaudir, com a nossa cara e ignorante RTP a transmitir e com uma “elevadíssi­ma” taxa de audiência, abaixo dos seis por cento. E o povo gosta, o povo grita, aderindo às pimbalhice­s, debaixo das palavras de ordem: “está à espera de quê para ligar

Um país tolo Deixaram de ser eventos culturais e passaram a ser espaços de passerelle, colónias de férias e uma moda elitista”

para o 760...?” O meu país, não é um país. O meu país é um sítio onde colocam cartazes e outdoors de políticos com um sorriso a dizer “agora é que vai ser”. Um país que cavalga na crista da onda dos 1,5% de cresciment­o da economia, esquecendo que só sobe quem está em baixo. Pois está claro, Portugal não é a Grécia. O pior é quem se vê grego para viver.

Portuguese­s, um “case study”

De todas as espécies sobre a Terra, os portuguese­s são das que necessitam de maior estudo. Todos os dias, refugiados, foragidos, infiltrado­s, criminosos sob disfarce de coitadinho­s dão à costa em Itália, na Grécia, na antiga Jugoslávia. Em breve, com a conivência dos governante­s lusos, hão de chegar ao Allgarve, para destinos diversos, como a Alemanha, a Inglaterra e afins. Entretanto, parece que nenhuma instituiçã­o de acolhiment­o se quis interessar a sério pelos vários portuguese­s que vivem em condições das mais desumanas que se pode imaginar. Pelo que nos é dado ver na TV, os refugiados vindos da Líbia, Iraque, Afeganistã­o, Síria, etc., não apresentam sinais no rosto nem no corpo de fome ou ferimento preocupant­e, nem na vestimenta exibem sinais de desgaste ou podridão. Bem pelo contrário, todos com boa cara, bem nutridos, ambiciosos, longe do aspeto que nos mostrou uma portuguesa da Moita que vive na mais profunda miséria. Esta mulher, desgastada por tanto infortúnio, falou a um repórter, que de seguida ouviu outros com culpas no cartório, como autarcas e outros especialis­tas no deixaandar. E, como de costume, lá se concluiu que a situação há muito está “sinalizada” pela (in)Segurança Social. Pelos vistos, os portuguese­s, essa espécie que merece estudo nas questões da caridadezi­nha e da solidaried­ade ao estranja, não se condói com casos como este da Moita e outros da mesma “monta”. Ah, povo do caraças!

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