O bailado clássico de Gaitán
Águias estreiam-se com vitória suada na Liga dos Campeões
O Benfica entrou com o pé direito na Liga dos Campeões. Os encarnados venceram o Astana (2-0), somaram três pontos e garantiram o milhão e meio de euros em discussão. Num embate frente a um estreante, o onze da Luz foi claramente superior. No entanto, sentiu dificuldades em ultrapassar a organização defensiva do adversário, essencialmente na primeira parte. Aí, permitiu uma discussão de baixa intensidade e revelou muita hesitação no momento de procurar a solução para as equações ofensivas. Privilegiou as ações pelo eixo do terreno e esqueceu-se das alternativas nos corredores. Pareceu gerir o jogo a pensar no Dragão, mas esqueceu-se de que ainda não vencia. Um susto do Astana antecedeu a mudança de face, já na segunda parte, e uma alteração de imagem com a repetição de alguns momentos da boa exibição frente ao Belenenses.
Em equipa que ganha não se mexe e muito menos naquela que goleia. Terá sido esta a linha de raciocínio do treinador do Benfica que voltou a apostar no puzzle que goleara e encantara a Luz, no último jogo da Liga.
O Benfica entrou a dominar e superiorizou-se territorialmente. No entanto, não revelou a intensidade ideal, realizou uma circulação lenta, perante um adversário que surgiu com um bloco subido, compacto, mas pouco pressionante.
A águia tinha espaço para idealizar forma de superar o Astana. No entanto, errava demasiados passes, lateralizava as ações e a mobilidade também era insuficiente, pois os jogadores só reagiam perto da bola. Jonas sentiu dificuldade em recuar e fugir às marcações. A formação tornava-se previsível, sempre com a exceção de Gaitán, um elemento distinto no momento da decisão.
Os cazaques adaptaramse e sentiram-se confortáveis com o ritmo sonolento da discussão, apropriado para uma equipa em plena madrugada biológica, face à diferença de mais cinco horas no seu país.
Mesmo com dificuldades, os encarnados criaram oportunidades evidentes para marcar. Porém, Eric negou o desejo de Jonas. A Luz gelou ao ver Schetkin testar o poste da baliza de Júlio César. E o susto parece ter provocado a reação da equipa. Primeiro, Gaitán encontrou o caminho da rotura e do golo. Depois, a formação assinou os desequilíbrios, essencialmente motivados pela maior amplitude de jogo e pela exploração dos corredores.
Mitroglou foi o principal beneficiário das descidas de Nélson Semedo e Eliseu. O maior dinamismo encarnado e o avolumar da hora derrubaram o Astana. Rui Vitória pôde então poupar Jonas e Talisca para o Dragão, mas deixou, estranhamente, Gaitán até final.