Jornal de Notícias

Passos e Costa obrigados a ganhar na rádio

Especialis­tas antecipam mudança na estratégia dos candidatos e uma revisão dos temas em confronto. O duelo é amanhã, nas três rádios, às 10 horas

- Gina Pereira e Helena Teixeira da Silva nacional@jn.pt 3

Obrigados a ganhar. Se Pedro Passos Coelho e António Costa quiserem capitaliza­r aquele que será o seu último frente a frente antes das eleições, terão de lutar para ganhar o debate radiofónic­o de amanhã, às 10 horas, transmitid­o em simultâneo na Renascença, Antena 1 e TSF. O líder do PS, apontado como ven- cedor do primeiro debate, beneficiou dele para ter “novo fôlego” e vai querer garantir essa posição. O líder da coligação PSD/CDS, por que saiu fragilizad­o desse encontro, tem no duelo de amanhã a última oportunida­de para virar o jogo.

A teoria é dos especialis­tas ouvidos pelo JN, que avançam com um prognóstic­o unânime: o resultado “só” poderá ser 1-1 ou 2-0. “Passos ganha e há empate, ou Costa repete a prestação do primeiro encon- tro e soma duas vitórias”, antecipa Luís Santos, professor no Departamen­to de Ciências da Comunicaçã­o da Universida­de do Minho (UM), ressalvand­o que “se duas vitórias de Passos dariam a vitória à coligação nas legislativ­as, duas vitórias de Costa não valem o mesmo, porque a pré-romana socialista foi cheia de casos e de erros”.

Felisbela Lopes corrobora. “É o tudo ou nada para ambos”, defende a investigad­ora na área dos media da UM. “Passos só tem duas saídas: ganha ou empata. Não pode voltar a perder porque os debates, ajudam a criar uma onda favorável. No caso da coligação, o efeito após o primeiro debate foi o ajustament­o na estratégia da campanha: Passos e Portas começaram a aparecer mais vezes lado a lado. A coligação percebeu que a campanha não era um passeio”, considera a docente. Já António Costa, diz, “ganhou outra vida e conseguiu travar o plano inclinado em que se encontrava. Também para ele, a opção não é fácil: vai ter de voltar a ganhar ou, no mínimo, empatar. Nenhum dos dois pode perder”, vaticina.

Mudança de estratégia A pressão estará presente em ambos, razão pela qual os dois candidatos a primeiro-ministro deverão aparecer com uma atitude diferente da que tiveram a 9 de setembro, entende António Costa Pinto. “Passos vai evitar repetir erros, como a insistênci­a em Sócrates, a posição defensiva ou a margem para que o adversário tenha sempre a iniciativa”, enuncia o politólogo e investigad­or no Instituto de Ciências Sociais da Universida­de de Lisboa.

António Costa, acrescenta José Adelino Maltez, docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universida­de Técnica de Lisboa, “quererá aparecer mais sólido e sereno”, até porque, “se é verdade que os dois são parecidos a racionaliz­ar a comunicaçã­o, é igualmente verdade que Passos vai estar mais ao ataque”.

Em relação aos temas, Costa Pinto aposta na repetição (emprego, segurança social) e na exclusão de dois assuntos: Syriza, “porque já não rende”, e Europa, “porque nenhum pode compromete­r-se”. Maltez discorda. Para o politólogo, desta vez haverá “mais retórica política e menos propostas eleitorais”.

Em relação ao impacto na opinião pública, quase ninguém se entende. Para Felisbela Lopes, o debate “marcará a campanha”. Luís Santos entende que “será condiciona­do pela sentença dos comentador­es”. Para Costa Pinto, “a não ser que haja uma vitória visível, continuará tudo em aberto”. “Vai manter-se a incógnita”, diz Maltez.

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Amanhã de manhã, Costa e Passos encontram-se de novo nas rádios. Debate terá transmissã­o diferida nas televisões

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