Jornal de Notícias

Universida­de contrata bolseiros para fazer cobrança de dívidas

Missão de licenciado­s e mestres é recuperar propinas e taxas em falta de 10 mil estudantes de Coimbra

- Emília Monteiro sociedade@jn.pt GREVE CÉLIA FONSECA

A Universida­de de Coimbra criou duas bolsas de Gestão de Ciência e Tecnologia destinadas a licenciado­s e mestres cuja função é “recuperar créditos de propinas e taxas” que os alunos ou antigos alunos não pagaram à instituiçã­o.

Com a duração de doze meses, as bolsas destinam-se a “licenciado­s ou mestres em Direito, Administra­ção Pública, Gestão e áreas afins”. No anúncio, a universida­de informa que “a atribuição de bolsa não gera nem titula uma relação jurídica-laboral” e “é exercida em regime de dedicação exclusiva”. Para os licenciado­s, a bolsa é de 745 euros e para os mestres aumenta para 980 euros mensais.

Na prática, os bolseiros devem analisar mais de dez mil processos individuai­s e verificar o valor das dívidas, bem como tentar proceder à sua cobrança.

Tarefa administra­tiva

“Como qualquer instituiçã­o pública, é obrigação da Universida­de de Coimbra proceder à cobrança de todas as dívidas de ex-estudantes, processo que tem vindo a ser sistematiz­ado desde 2011”, afirmou, em comunicado, a reitoria da instituiçã­o.

Para obrigar os alunos a regulariza­rem as contas, foi constituíd­a uma equipa de projeto para a verificaçã­o dos processos individuai­s de todos os ex-estudantes “antes da emissão da certidão de dívida para envio à Autoridade Tributária, úni- ca entidade competente para proceder à cobrança coerciva nos termos definidos na Lei”.

Desta forma, os estudantes devedores têm duas opções: ou pagam, ou é comunicada a dívida à Autoridade Tributária, decorrendo depois os trâmites legais, entre eles, a possibilid­ade de penhora de bens.

Às muitas críticas feitas nas redes sociais projetos e coragem” para travar a degradação do Ensino Superior.

O setor vive uma situação de “desespero”. “Cerca de 55% dos professore­s dos politécnic­os e 75% dos do Ensino Superior privado não têm contrato de trabalho” advertiu António Vicente.

Para Henrique Curado, também do SNESup, o subfinanci­amento é outro problema que os politécnic­os e universida­des enfrentam diariament­e, “o que se revela na falta de material para trabalho prático dos alunos”. O sindicalis­ta disse ainda que a contrataçã­o estável, prevista na Diretiva Europeia 1997/70/CE, não está a ser cumprida.

Cláudia Barros, doutorada e professora do Instituto Politécnic­o do Porto, fez greve para reivindica­r os seus direitos, que já não vê reconhecid­os desde 2008. Garante que esta situação afeta a forma como as aulas são dadas devido à “insatisfaç­ão” dos professore­s, que se sentem “usados”.

No ISEP estiveram também alguns representa­ntes de partidos políticos e candidatos às eleições legislativ­as, como Alexandre Quintanilh­a (PS) e José Soeiro (Bloco de Esquerda), que receberam propostas para melhorar as condições do setor apresentad­as pelo SNESup. no correio interno da universida­de sobre o recurso ao pagamento de bolsas para pagar a realização de tarefas que deveriam ser feitas por funcionári­os da UCoimbra, com contrato de trabalho, a reitoria respondeu que o processo de validação administra­tiva que envolve a verificaçã­o dos elementos é desenvolvi­do por uma equipa de técnicos superiores da universida­de”.

Contudo, continua o comunicado, “pela sua dimensão e complexida­de, é um projeto capaz de proporcion­ar a licenciado­s ou mestres, nomeadamen­te das áreas de direito ou gestão, um primeiro contacto com a realidade processual administra­tiva”.

A data-limite para a apresentaç­ão de candidatur­as termina no dia 14 de outubro. “Vou candidatar-me a fazer a mesma coisa que um cobrador normal, mas na Universida­de de Coimbra”, comentou online um licenciado em Direito, que vê na bolsa a possibilid­ade de, “durante um ano, ter trabalho e salário”.

Além da licenciatu­ra ou mestrado, os candidatos têm que saber inglês e informátic­a.

 ??  ??
 ??  ?? A ação de protesto decorreu no Instituto Superior de Engenharia do Porto
A ação de protesto decorreu no Instituto Superior de Engenharia do Porto

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal