Jornal de Notícias

Shopping legalizado e sem taxas

Executivo perdoa 1,2 milhões a proprietár­ios do Bom Sucesso. PSD vota contra, CDU e vereadora socialista optam pela abstenção

- Hermana Cruz hermana.cruz@jn.pt

O Bom Sucesso vai ser legalizado a custo zero, isto apesar de o centro comercial já ter sido alvo de duas sentenças judiciais, em 2003 e 2007, que ditavam a sua demolição. A Câmara do Porto aprovou, ontem, a isenção do pagamento de taxas de compensaçã­o, contra a vontade do PSD e a abstenção da CDU e da vereadora socialista Carla Miranda.

Segundo o vereador do Urbanismo, Manuel Correia Fernandes, “não fazia sentido” obrigar o centro comercial a pagar uma taxa, que não existia à data da sua construção, há 25 anos, e sem que tivesse sido feita entretanto “qualquer alteração ao edifício”.

Por outro lado, o Bom Sucesso já terá pago ao Município um valor idêntico, de cerca de 1,2 milhões de euros, que teria de ser agora devolvido pela Autarquia, no processo de legalizaçã­o. Além disso, com mais de mil frações, seria quase impossível à Câmara notificar todos os proprietár­ios, para pagarem as taxas de compensaçã­o, alega ainda Correia Fernandes.

“Contas à moda do Porto”

Os argumentos do vereador suscitaram dúvidas na oposição. “Não existe informação suficiente que nos conforte”, apontou Amorim Pereira. “Custa-me abdicar de uma receita tão grande. Quem é que diz que é quase impossível de receber?”, acrescento­u Ricardo Valente, também vereador do PSD.

Já a socialista Carla Miranda exigiu que fossem feitas “contas à moda do Porto”. “Não me parece que as contas estejam claras”, afirmou. Posição partilhada pelo vereador da CDU Pedro Carvalho.

“Creio que estamos em condições de resolver o assunto”, considerou, porém, o presidente da Câmara, Rui Moreira. Já Correia Fernandes e Manuel Pizarro vincaram que o centro comercial “foi construído com base numa licença válida” e que o único motivo que ditava a demolição (a proximidad­e de uma escola) já não existe, pois a lei foi alterada e a escola desativada.

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