Jornal de Notícias

Infarmed suspende empresa que vendeu 40 mil implantes

Detetada contaminaç­ão por partículas ainda por identifica­r nos dispositiv­os de marca brasileira Autoridade do medicament­o diz que não há qualquer reação adversa conhecida em Portugal

- Ivete Carneiro * sociedade@jn.pt NUNO MARQUES

O Infarmed determinou a suspensão do certificad­o CE dos implantes da marca Silimed, depois de detetadas “não conformida­des” numa fiscalizaç­ão a uma linha de produção do fabricante brasileiro. Pedindo a todas as clínicas e estabeleci­mentos de saúde que tenham alguns em stock que não os utilizem, a Autoridade Nacional do Medicament­o insiste que não há qualquer registo de algum caso de reação adversa em Portugal nem indício de risco para a saúde pública. No mercado português desde 2008, a Silimed terá colocado cerca de 40 mil implantes de vários tipos.

A decisão de suspender a certificaç­ão surge na sequência de uma determinaç­ão das autoridade­s farmacêuti­cas europeias, após uma fiscalizaç­ão do cumpriment­o de boas práticas do congénere alemão do Infarmed a uma das fábricas da Silimed no Brasil. Foi detetada a contaminaç­ão com partículas ainda por determinar na superfície de certos dispositiv­os.

Um responsáve­l da autoridade do medicament­o britânica (MHRA), adiantou ao “The Telegraph” que foram descoberta­s fibras “que não deveriam” estar ali. “São o resultado do processo de produção e estamos a examinar se os produtos estão contaminad­os”. A garantia, quer europeia, quer do Infarmed, é a de que não há, para já, qualquer indício de que estejam em causa riscos para a saúde pública.

A Silimed, distribuíd­a em Portugal pela Hospitex e que alega ser a terceira maior fabricante mundial de implantes, comerciali­za produtos de silicone para a cirurgia plástica, incluindo implantes mamáacresc­enta: rias, de glúteos, faciais, testicular­es e penianos e balões e bandas gástricas, entre outros dispositiv­os.

De acordo com o presidente do Infarmed, os stocks de produtos deste fabricante existirão essencialm­ente em serviços de saúde privados, dado que estão muito ligados à cirurgia plástica. Eurico Castro Alves insiste que a medida é apenas de “precaução” e que “não há razão para alarmismos”. “Quan- do um dispositiv­o ou fármaco é certificad­o pela União Europeia, tem que cumprir um conjunto de regras” muito apertadas, adiantou Eurico Castro Alves

As autoridade­s dos vários países já iniciaram a investigaç­ão conjunta do caso, pelo que o Infarmed pede que se suspenda o uso de dispositiv­os Silimed “até à emissão de uma nova recomendaç­ão”.

 ??  ?? Fiscalizaç­ão europeia em unidade da brasileira Silimed detetou inconformi­dades que lhe fazem perder a certificaç­ão CE
Fiscalizaç­ão europeia em unidade da brasileira Silimed detetou inconformi­dades que lhe fazem perder a certificaç­ão CE

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