Jornal de Notícias

Matosinhos Pais penhorados por dívidas de refeições escolares

Matosinhos No ano letivo passado, ficaram por pagar à Câmara perto de 100 mil euros. Pais em falta vão ser notificado­s no próximo mês

- Hermana Cruz hermana.cruz@jn.pt

A Câmara de Matosinhos admite mandar penhorar os encarregad­os de educação que não paguem as refeições escolares. A medida, que arranca no ano letivo em curso, foi tomada depois de, no ano passado, terem ficado por pagar perto de 100 mil euros em almoços. Os pais em falta começarão a ser notificado­s durante o próximo mês.

Em causa estão dividas referentes a refeições de alunos do Pré-escolar e do Ensino Básico, tomadas no ano letivo anterior. “Durante o ano, foram feitos vários alertas aos pais. Junto com a fatura do mês, seguia o valor em dívida. Mas continuamo­s a ter muitas faturas por pagar”, justifica o vereador da Educa- ção, António Correia Pinto, sublinhand­o: “Não estamos a falar de famílias com dificuldad­es económicas ou que mudem de situação económica. Essas têm apoios. Estamos a falar de pessoas que pura e simplesmen­te relaxam”.

Aliás, dos 5800 alunos de Matosinhos do Ensino Pré-escolar e Básico, 40% não pagam qualquer valor pelas refeições escolares e 20% suportam apenas metade do custo. Os restantes pagam 1,46 euros por cada almoço, que inclui lanches com fruta, pão e leite.

“Um sistema centrado nos pais”

Para resolver as situações de dívida, a Câmara está a estudar um novo modelo de cobrança das refeições escolares. Atualmente, os encarregad­os de educação recebem men “Nunca- salmente uma fatura para pagar. A ideia é que se mantenha “um sistema centrado nos pais” e que garanta que as crianças sejam alimentada­s, independen­temente do incumprime­nto dos encarregad­os de educação. Certo é que Matosinhos não seguirá o exemplo da maioria dos concelhos, adotando cartões pré-pagos. “Só funciona com crianças mais velhas”, crê o vereador, vendo com bons olhos mecanismos que incluam o envio de SMS aos pais em falta.

deixaremos de dar uma refeição a uma criança. Mas os pais em falta vão ser incomodado­s”, deixa claro, porém, Correia Pinto.

Até que seja encontrado um novo sistema de cobrança, os pagamentos em falta de refeições escolares vão ser equiparado­s a dívidas fiscais. “Sempre que não haja lugar ao pagamento das faturas, no prazo fixado, o Município reserva-se o direito de enviar o débito correspond­ente para execução fiscal, nos termos do art.º 22.º do Regulament­o de Taxas e Outras Receitas Municipais em vigor”, lê-se no boletim de inscrição para as refeições escolares que os encarregad­os de educação tiveram de preencher no início do ano letivo em curso.

As notificaçõ­es das dívidas vão começar a ser enviadas, no próximo

mês, junto com a fatura de setembro e referem-se apenas a valores por liquidar no ano letivo anterior. Numa primeira fase, os progenitor­es são avisados dos valores em falta, dando-se um prazo para regulariza­rem a situação. Numa segunda fase, receberão nova notificaçã­o, acrescida de uma multa. Só depois é que se partirá para a penhora de bens ou de salário, que será desencadea­da pelas Finanças.

Quanto às dívidas que venham a ser cometidas durante o ano letivo em curso, só serão enviadas para execução fiscal no final das aulas.

Contactado pelo JN, o presidente do Núcleo de Matosinhos da Federação das Associaçõe­s de Pais, Luís Filipe Torres, fez depender uma posição de reunião que terá em breve com Correia Pinto.

Atualmente, os encarregad­os de educação recebem uma fatura mensal

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Vereador da Educação diz que não são as famílias carenciada­s que estão em causa, porque estas já não pagam refeições

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