Jornal de Notícias

Consumo Empresas voltam a arredondar preços para cima

Consumo Mudança na lei deixa de fora duas normas de defesa do consumidor

- Alexandra Figueira afigueira@jn.pt

A norma que proibia arredondar para cima o preço ou a duração no tempo de um bem ou serviço desaparece­u da lei, devido a uma alteração que entra hoje em vigor.

As empresas são agora livres de cobrar, por exemplo, dois minutos de conversaçã­o quando o consumidor usou só um minuto e meio. Podem, também, arredondar para cima os cêntimos a pagar por um bem ou serviço. Por exemplo: se a conta é de 53,3 cêntimos de euro, a empresa pode arredondar para 54 cêntimos, quando antes tinha de baixar para 53 cêntimos. Fora fica o setor financeiro, onde os arredondam­entos continuam regulados por uma lei própria.

“Deixou de existir a proibição genérica de fazer arredondam­entos em alta”, sem que haja “uma correspond­ência direta” com o consumo real, explicou ao JN Ana Sofia Fer- reira, coordenado­ra do gabinete de apoio ao consumidor da Deco.

A mudança resulta da correção a um decreto-lei que não transpôs fielmente uma diretiva europeia, disse Ana Sofia Ferreira. O decreto-lei de 2008 era omisso em matérias que constam da diretiva e continha duas normas ausentes do documento europeu. A primeira limitava os arredondam­entos; a segunda respeitava ao envio de bens não pedidos pelo consumidor – um caso menos grave, já que continua regulado pelo regime de venda de bens à distância, disse.

“Compreende­mos a posição da Europa, mas o Governo devia ter inscrito uma norma sobre os arredondam­entos noutro quadro legal, em vez de acabar com ela”, afirmou. Poderia, por exemplo, tê-la incluído na lei de defesa do consumidor ou na que versa sobre práticas restritiva­s do comércio. A Deco ficará atenta à reação das empresas, mas admite que o custo de mudar os sistemas de faturação poderá ser demasiado alto para que aproveitem o buraco agora aberto.

Pela positiva, a responsáve­l realçou o facto de estar agora mais clara a norma que proíbe vendas em pirâmide. Nestes casos, o objetivo principal da relação entre o consumidor e a empresa não é comprar um bem ou serviço, mas captar outros clientes e ganhar uma comissão por isso, explicou.

Alteração tem a vantagem de deixar clara a proibição de vender em pirâmide

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Tempo de chamadas poderá ser arredondad­o para cima, aumentando a conta

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