Grito de alma
Há 15 anos, nesta coluna, a crónica abordou o estado de degradação da ponte D. Maria I e do presídio de S. Brás. Revisitando as duas crónicas, intervaladas de poucos meses, verifico que nada mudou, para além do estado de ruína que tal abandono e esquecimento provocam.
É chocante ver isto acontecer e os poderes públicos, Governo e autarquias de Porto e Gaia, não agirem, no caso destas levantando a voz e “falando grosso” ao Governo por tamanha negligência.
A ponte é “monumento nacional” e tudo indica que irá “morrer assim”, com um respeitável título mas abandonada, sem direito a “subsídio cultural de sobrevivência ou cuidados de saúde”, como corpo vivo do Património e da História do País e das cidades que a acolheram por nascimento.
Dói pensar nisto, quando se gastam tantos dinheiros a salvar bancos falidos e outras despesas desnecessárias e se deixa morrer assim património e passado que tanto nos deveria honrar.
Com o presídio de S. Brás passa-se quase o mesmo, sabendo aqui que é património total ou parcial da Câmara Municipal do Porto (CMP). Tem espaço fundiário e construtivo para vários usos, agora que anda por aí a febre dos hotéis até dava para isso, o que não pode é ser pasto de ervas daninhas ou de outro tipo de predadores.
Percebo que a CMP não tenha dinheiros para “aventuras”, mas que encontre ideias para encaminhar a resolução do problema, em parceria ou pela via de terceiros. É isto que lhe compete, pois quando não há dinheiro fazem-se projetos para avançar logo que os meios financeiros surjam.
Num e noutro caso, com este ou outro Governo que aí venha, não podemos continuar na mesma, sem força nem ideias!