Cinco milhões para combater o mau cheiro
que se estende desde os parques de estacionamento da fábrica até junto à EN109, o que obrigará a reajustamentos no trânsito na freguesia de Cacia.
Um emprego vale sete indiretos
As duas novas unidades complementam a atual. “Uma fábrica transformará pasta em bobinas de papel tissue e a segunda fará o produto final. Esta segunda será a primeira a funcionar, em novembro do próximo ano, usando até lá tissue provenientes do exterior”, explica José Nordeste, diretor da fábrica de Cacia. A unidade de transformação de pasta em bobinas de tissue estará feita em março de 2017. As obras arrancam até final deste ano.
A escolha de Aveiro para um dos maiores investimentos do grupo em Portugal deve-se à necessidade de salvar a fábrica de Cacia. Os 110 milhões que vão ser investidos nas novas unidades sucedem-se aos
A Associação de Defesa do Ambiente de Cacia (ADACE) confirma que o mau cheiro da fábrica da Portucel diminuiu nos últimos tempos. José Nordeste diz que essa melhoria se deve a um “novo sistema de recolha e tratamento de gases mal odorosos”. O sistema custou cinco milhões de euros. “Não resolveu totalmente o problema porque isso é impossível, mas atenuou substancialmente. Todas as fábricas que produzem pasta de papel emitem gases com enxofre, facilmente detetado pelo olfato, por muito pouco que seja, algo que já não acontece com as fábricas de papel e que libertam vapor de água”, explica. O diretor revela que, desde 2006, “os valores dos compostos de enxofre emitidos pela fábrica de Cacia foram reduzidos em mais de 1000 vezes”.
António Pinto, dirigente da ADACE e uma das vozes mais ativas na luta contra a poluição em Cacia, reconhece a melhoria. “É uma vitória ambiental. Cacia é conhecida há 60 anos pelos cheiros incomodativos e esse bilhete de identidade está a desaparecer”, disse ao JN. Uma ideia corroborada pelo presidente da Junta, Casimiro Calafate.
Os dois gostariam, no entanto, “que a Portucel e as outras grandes empresas, como a Bosch e a Renault, que fazem de Cacia uma das freguesias mais produtivas do país, compensassem a vila, em termos sociais e na requalificação dos espaços públicos”.
As duas unidades vão evitar o fecho da atual que a longo prazo “ia perder competitividade”