Duplica dinheiro para refugiados
Cimeira Cisões entre os 28 países deixam a nu questões como a manutenção da livre circulação de pessoas
Os líderes europeus fecharam ontem um plano que pretende ser “um passo na direção certa” sobre o problema dos refugiados. Como prioridade, a União Europeia deverá disponibilizar mil milhões de euros para as agências das Nações Unidas de apoio aos refugiados, lê-se no projeto de conclusões da cimeira extraordinária, que ainda decorria à hora de fecho desta edição.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, espera que o dinheiro seja canalizado “através do Programa Alimentar Mundial e da Agência das Nações Unidas para os Refugiados”, de modo a chegar aos países mais pressionados pelos fluxos migratórios, como “a Turquia, Jordânia e Líbano” e “os países europeus da linha da frente”.
Antes do arranque da cimeira, Bruxelas tinha anunciado uma duplicação de fundos, de 4,6 mil milhões para 9,2 mil milhões de euros. “Vamos ainda mais longe, com mais 100 milhões para um fundo de ajuda de emergência para os Estados-membros mais afetados, mais 600 milhões de euros para as agências europeias, em 2016. Mais 200 milhões de euros para o Programa Mundial contra a Fome, em 2015. E, mais 300 milhões para apoio humanitário, em 2016”, disse o presidente da Comissão Europeia, JeanClaude Juncker.
Ainda, Bruxelas enviará “cerca de mil milhões para a Turquia e 700 milhões para a Sérvia e Macedónia”. “Esperam pela nossa ajuda para resolverem o problema”, tanto que mais pessoas deverão sair desses países, “especialmente porque a maior parte se sente convidada a vir para a Europa”, afirmou Tusk, advertindo que a situação tende a agravar-se. “Os conflitos no Médio Oriente, especialmente na Síria e no Iraque, não vão terminar tão cedo”, afirmou e lembrou que, dos oito milhões de deslocados da Síria, quatro milhões estão na Turquia, Jordânia, Líbano e Iraque. “Estamos a falar de milhões de potenciais refugiados a tentarem alcançar a Europa”, afirmou.
Merkel admite falta de dinheiro
A chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu que os líderes europeus ainda não tinham reconhecido a falta financiamento. “Não vimos que os programas internacionais não são suficientemente financiados. Precisamos de uma reflexão comum, que melhore proteção das fronteiras, de distribuições justas e de postos de controlo”, afirmou a chefe do Governo alemão.
Além das questões de financiamento, será importante agora saber como a Europa vai “reganhar o controlo das fronteiras externas”, tanto que, “de outra forma, nem sequer faz sentido continuar a falar numa política europeia de imigração comum”, disse Donald Tusk.
Ontem, o mais vocal opositor ao acolhimento dos refugiados, o chefe do Governo da Hungria Viktor Orban, garantiu que a passagem com a Sérvia está aberta e atirou a responsabilidade sobre o sucedido na fronteira para as regras de Schengen, a zona de circulação livre de pessoas. “Continua em vigor” e o controlo “é obrigatório”.