Volkswagen
Centros pedem inspeção às emissões poluentes
A atividade de dezenas de oficinas que, ilegalmente, removem os filtros de partículas dos veículos a gasóleo poderá ter os dias contados se for atendida uma reivindicação dos centros de inspeção: a realização de uma vistoria intermédia, a incidir apenas nas emissões poluentes. Uma medida que vai de encontro às pretensões de fabricantes portugueses de catalisadores e de filtros, que há muito reclamam mais fiscalização.
“No que diz respeito às emissões poluentes, fazemos uma inspeção visual do equipamento, mas não temos forma de saber se o filtro está lá ou se funciona. Nos motores diesel só medimos a opacidade dos gases, que nos indica a percentagem de partículas, mas um carro sem filtro pode cumprir na mesma com os limites impostos pela lei”, referiu, ao JN, Paulo Areal, presidente da Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel (ANCIA).
De fora nas inspeções ficam as medições do óxido de azoto (NOx), que apenas pode ser aferido em condições de circulação ou recorrendo a um banco de potência (dinamómetro). Este tipo de equipamento já existe nalguns centro de inspeções do tipo Be a ANCIA pretende alargá-lo a mais locais por forma a permitir uma inspeção intermédia.
“É um procedimento já utilizado em diversos países europeus. A inspeção que defendemos será rápida e barata, pois incide apenas na medição dos poluentes, incluindo o NOx. Faz parte de um caderno reivindicativo que entregamos no Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT)”, referiu Paulo Areal.
Para Abílio Cardoso, presidente do Conselho de Administração de uma empresa fabricante de catalisadores e de filtros de partículas, “é tempo de acabar com a concorrência desleal e com as oficinas que retiram os dispositivos”.
O empresário pede mais fiscalização e inspeções que atentem às emissões e afirma que o preço dos filtros já não é fator decisivo para a sua eliminação.
“Atualmente, o preço oscila entre 400 e pouco mais de mil euros, dependendo do motor. Não é muito se pensarmos na defesa do meio ambiente. Mas as autoridades deveriam estar igualmente atentas às empresas que comercializam catalisadores, fundamentais para um veículo mais ecológico, a 20 ou 30 euros a unidade. É um valor abaixo daquilo que nos custa o conjunto de metais nobres que usamos num catalisador. E vendem-se produtos não homologados”, afirmou o empresário.
A Associação Automóvel de Portugal (ACAP), que reúne cerca de duas mil empresas do setor, defendeu a penalização das oficinas que removem os filtros de partículas. “Somos contra qualquer tipo de fraude e achamos que as autoridades devem agir. As oficinas onde as intervenções são feitas têm de ser penalizadas”, concluiu Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP.
O JN tentou, sem sucesso, ouvir o IMT.
As inspeções intermédias para os diesel, comuns noutros países, serão rápidas e acessíveis. Só com elas conseguiremos medir os níveis de NOx”.
Paulo Areal
Presidente da ANCIA