Jornal de Notícias

Maia e Trofa Câmaras pagam linha com duas estações de metro

Transporte­s Metro cresce entre Ismai e Muro após 13 anos de promessas e as câmaras terão de pagar parte do investimen­to de 36 milhões

- Ana Correia Costa Carla Sofia Luz locais@jn.pt

linha do metro para a Trofa será finalmente rasgada após 13 anos de promessas, mas em versão minimalist­a. Os carris crescerão da atual estação da Linha C no Ismai até ao Muro, ficando por fazer a ligação ao centro da Trofa. O investimen­to, homologado dois dias antes das eleições legislativ­as pelo secretário de Estado dos Transporte­s, supera os 36,69 milhões de euros e contempla a construção de 3,25 quilómetro­s (menos sete do que estava previsto) e de apenas duas estações: Ribela e Muro.

A obra, a concretiza­r até ao final de 2018, sairá da gaveta por iniciativa das câmaras da Maia e da Trofa, que prescindir­ão de parte dos milhões comunitári­os (entre três a sete milhões) que lhes caberia no âmbito dos planos estratégic­os de desenvolvi­mento urbano (PEDU) para prolongar a Linha C. No passado, nunca os municípios foram chamados a investir na construção de linhas. Agora, as câmaras contribuir­ão com 10% a 20% do valor total da empreitada. A Comissão de Coordenaçã­o e Desenvolvi­mento Regional do Norte irá buscar o restante financiame­nto ao quadro comunitári­o de apoio, Portugal 2020.

“Sacrificar­emos o valor da componente do PEDU a que as duas câmaras teriam direito para investir no seu concelho, mas esta é uma obra importante. A extensão entre Ismai e Muro permitirá levar o metro a uma zona sem transporte­s”, desde que foi retirado o comboio em 2002, especifica Bragança Fernandes, presidente da Câmara da Maia. O trajeto mais curto servirá o CICCOPN, que têm três mil alunos, e o parque de Avioso, na Maia, e trará melhor mobilidade para os moradores do Muro, de Alvarelhos, de Guidões e da vila do Coronado. Pelo menos, para quem trabalha e estuda na Maia, sobretudo na freguesia de Castêlo da Maia.

Luta não se extingue aqui

Como o metro não avançará até Paradela, aquelas populações da Trofa continuarã­o afastadas da sede do concelho e reféns dos transporte­s alternativ­os (caso se mantenham). S. Martinho e Santiago de Bougado têm comboio para o Porto, porém permanecer­ão sem ligação por ferrovia para a Maia.

“É uma vitória que sabe a pouco. Nem quero encará-la como vitória, mas sim como a reposição de alguma justiça. Nesta fase, a luta é trazer o metro até ao Muro, cuja população foi a mais prejudicad­a. Numa segunda fase, vamos lutar para levá-lo até ao centro da Trofa”, sustenta Sérgio Humberto, presidente da Câmara da Trofa. Também Bragança Fernandes acredita que este será o ponto de partida: “Se houver mais verbas, deve cumprir-se o projeto original até Paradela. Esta ligação estava prevista na primeira fase de construção do metro. Não se pode enganar as pessoas”.

A expectativ­a dos dois autarcas é que o novo Governo respeite o protocolo de cooperação, firmado entre as autarquias, a Metro do Porto e a CCDR-N e homologado pelo secretário de Estado dos Transporte­s. No documento a que o JN teve acesso, define que a ligação será executada em via dupla. As duas novas estações, Ribela e Muro, te- rão parque de estacionam­ento com 61 e 54 lugares respetivam­ente, para garantir “o bom funcioname­nto da linha” e a “adequada captação de passageiro­s”.

A antiga estação ferroviári­a de Muro, assim como os pavilhões adjacentes, serão recuperado­s para acolher a paragem do metro, criando-se zonas de espera e instalaçõe­s sanitárias. As composiçõe­s ocuparão o canal da antiga linha do comboio, retirada em 2002. A Câmara da Trofa compromete-se a limpar e a requalific­ar os os sete quilómetro­s de canal que não serão usados pelo metro e que, atualmente, estão repletos de mato.

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