Padre e irmãs ouvidos hoje em tribunal
Famalicão Suspeitos de crimes de maus-tratos, rapto e escravidão de “noviças”
As três irmãs e o padre acusados de maus-tratos, escravidão e rapto sobre três “noviças”, na Fraternida- de Cristo Jovem, em Requião, são ouvidos hoje, no Tribunal de Famalicão. Os quatro foram constituídos arguidos pela Policia Judiciária (PJ) e deverão conhecer hoje as respetivas medidas de coação.
Mais de duas dezenas de inspetores da Diretoria do Norte da PJ fizeram buscas na Fraternidade, tendo apreendido objetos usados nas agressões a “noviças”. Há um ano, três jovens que fugiram denunciaram os abusos à diocese e ao Ministério Público, mas só há pouco mais de um mês o caso chegou à PJ. Queixaram-se de castigos sempre que o seu desempenho não agradava. Haveria bofetadas, espancamentos e penitências durante longas horas em posições dolorosas, para além de privações de comida ou de bebida no trabalho ao sol e privação de cuidados médicos.
De resto, a irmã Isabel Silva, uma das fundadoras da irmandade, e arguida no processo, negou a escravatura mas admitiu que possam ter dado uma “sapatadita” ou um “estalo”. Além das duas irmãs, as queixosas também foram ouvidas na PJ.
A diocese de Braga também destacou um sacerdote para acompanhar a situação na Fraternidade, após queixas “por anomalias” na vida quotidiana, trabalho que vai continuar.
Entretanto, a Confederação Nacional dos Institutos Religiosos esclareceu que a Fraternidade do Cristo Jovem “não é um convento” – trata-se de uma “associação de fiéis” – e que as arguidas “não são freiras”, pelo que as queixosas também não são noviças.