CDS e PSD negam estar a disputar palco da Oposição
É cada um por si, mas não um contra o outro, garantem dirigentes do PSD e do CDS ouvidos pelo JN, negando estarem a disputar a liderança da Oposição ou o palco mediático. O JN sabe que nesta corrida separada, o CDS, com novo líder e novo discurso, começou a causar mal-estar entre os sociais-democratas, que pediram a Passos Coelho para ser “mais combativo”. Mas, oficialmente, ninguém o admite.
Olhemos para os primeiros seis meses da atual legislatura. O CDS apresentou 74 iniciativas legislativas; o PSD, 65. O CDS colaborou no Orçamento do Estado com dez propostas “simbólicas” de alteração; o PSD recusou apresentar uma única. O CDS desafiou o Governo a levar a votos o Programa de Estabilidade; o PSD nem tentou, alegando que não valia a pena. O CDS foi o primeiro a dizer que irá sozinho às legislativas, sejam antecipadas ou não. O PSD ficou sem alternativa. O CDS anunciou que as autárquicas de 2017 são a prioridade. O PSD também, mas mais tarde. O CDS apressou-se a agendar debate potestativo sobre educação. O PSD decidiu entregar um projeto para anular o despacho do ministro, mas um dia depois. O CDS apresentou propostas para a natalidade (todas chumbadas) e, amanhã, revela medidas para o envelhecimento ativo. O PSD lá acabou por apresentar sete projetos de resolução para o Plano Nacional de Reformas (222 medidas no total), mas agarrou-se sobretudo à polémica dos colégios privados.
Assunção Cristas bombardeia com perguntas o primeiro-ministro em todos os debates quinzenais no Parlamento. Passos Coelho já cedeu duas vezes a vez a Luís Montenegro. No congresso do CDS, em março, o inimigo anunciado pelos centristas não foi o Governo socialista, mas o PSD, sobre o qual, foi dito, “é preciso crescer”. No congresso do PSD, um mês depois, quase não se ouviu falar do CDS.
Os primeiros seis meses de Governo PS foram também os primeiros de separação da coligação entre PSD e CDS, parceiros no último Governo e nas últimas eleições. Mas ambos recusam qualquer tentação para competirem entre si. No limite, concede Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, “adaptámonos mais depressa ao lugar da Oposição”. Mas para logo ressalvar que o PSD “não é adversário, mas parceiro privilegiado”.
Já António Leitão Amaro entende a “métrica” das prestações políticas, mas diz estar mais preocupado com a “qualidade”. “Aprendemos a admirar a eficácia de Passos. Não faz oposição demagógica, histriónica e de metralhadora na mão, como nos habituou o PS, no passado. Mas responsável e firme”, elogiou o deputado. Sobre o CDS, rematou que há atitudes, porventura mais agressivas, que são “permitidas a um partido mais pequeno, mas não ao PSD, que é o partido de referência da alternativa”.