Fogo em confeitaria destrói prédio de três andares na Baixa do Porto
Bombeiros com dificuldade no acesso ao interior
3Um incêndio na pastelaria e padaria Cristo Rei deixou o céu da Baixa do Porto tingido de negro. As chamas deflagraram, ontem, pelas 17.50 horas, na cozinha do estabelecimento comercial na Rua de Fernandes Tomás e rapidamente se propagaram ao edifício de três andares, consumindo sobretudo a parte traseira e de difícil acesso para os bombeiros. Os Sapadores e os Voluntários do Porto mobilizaram cerca de 40 homens. Um dos bombeiros ficou ferido.
Foi a única vítima do fogo que lavrou durante mais de duas horas no centro da cidade, deixando inaces- sível o troço de Fernandes Tomás entre as ruas do Bonjardim e de Sá da Bandeira. A inalação de fumo, a temperatura elevada e o cansaço fizeram com que o bombeiro dos Sapadores do Porto se sentisse mal e necessitasse de assistência médica. A equipa do INEM prestou socorro no local, tendo sido conduzido ao hospital. O fogo não fez mais vítimas, mas provocou fumo intenso e muitas cinzas, trazendo dezenas de pessoas para a rua.
Ana Rosa, funcionária da Confeitaria Império (sita a poucos passos da Pastelaria Cristo Rei), foi alertada pelo forte cheiro a queimado. “Até pensei que fosse alguma máquina nossa. Nisto, entraram uns clientes e disseram-me que havia um incêndio na Cristo Rei”, recorda Ana Rosa. Poucos minutos depois, chegou um dos trabalhadores da padaria em chamas a pedir auxílio. O fogo deflagrou na cozinha no primeiro piso. “Era um rapaz novo. Contou-nos que a fritadeira rebentou à frente dele, mas ninguém se magoou”, adiantou a funcionária, cuja primeira preocupação foi alertar uma cliente com dificuldades de locomoção, que vive ao lado do prédio da Cristo Rei.
Moradores fugiram de casa
Os trabalhadores da Cristo Rei ajudaram os clientes a deixar o estabelecimento, enquanto os moradores dos prédios vizinhos deixavam as casas. “Começaram a evacuar o edifício antes da chegada dos bombeiros”, conta Paula Martins, empregada da loja É Kasa. “Sentimos o odor a queimado e era cada vez mais intenso. Vimos muito fumo a sair da Cristo Rei. Fomos pelas traseiras e já havia labaredas a sair e vidros a partir”, lembra ainda Paula Martins, surpreendida pela rapidez com que o incêndio se propagou ao edifício de três pisos e que é totalmente ocupado pelo estabelecimento.
Cerca de 40 bombeiros desdobraram-se no combate ao incêndio em condições difíceis, obrigando ao recurso a autoescadas para alcançar o piso superior. As traseiras do imóvel, onde o fogo lavrava com intensidade, estão voltadas para um logradouro interior onde os carros de combate a incêndio não conseguem entrar.
A maior preocupação das corporações foi evitar que as chamas se propagassem aos prédios contíguos. O objetivo foi alcançado após mais de duas horas de labuta, como realçou o comandante Rebelo Carvalho, dos Sapadores do Porto: “O prédio tem três pisos e a progressão do incêndio foi a partir do primeiro andar para os pisos superiores. Conseguimos evitar que se propagasse aos edifícios do lado. Só após a extinção do fogo é que podemos avaliar se o estabelecimento poderá continuar a laborar”.