Jornal de Notícias

Uma nova investigaç­ão todos os dias por crimes de perseguiçã­o

“Stalking” MP instaurou 100 inquéritos nos primeiros três meses do ano

- Nelson Morais e Nuno Miguel Maia justica@jn.pt

No primeiro trimestre do ano, o Ministério Público (MP) instaurou “cerca de uma centena” de novos inquéritos para investigar alegados crimes de perseguiçã­o. Foi uma média superior a um processo por dia, que já quase havia sido atingida nos primeiros quatro meses de existência deste novo tipo de crime, internacio­nalmente conhecido por “stalking”. Entre setembro e dezembro de 2015, tinham sido iniciadas 70 investigaç­ões, começou por contabiliz­ar a Procurador­ia-Geral da República.

“Podem dizer que são poucos crimes [participad­os ao MP], mas, no nosso entender, são muitos”, comenta Daniel Cotrim, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV). Para este especialis­ta em violência doméstica e “stalking”, 170 processos criminais em sete meses são “muitos”, porque está em causa um novo tipo de crime, cuja previsão no Código Penal ainda será desconheci­da da maioria da população. Além disso, “muitas vezes, as pessoas não têm noção de que estão a ser vítimas de assédio persistent­e. Só quando começam a ter de alterar as suas rotinas é que compreende­m”, acrescenta.

“Stalking” ligado a violência

Desde setembro, comete crime de perseguiçã­o e pode ser punido com pena até três anos de prisão quem, de modo reiterado, perseguir ou assediar outra pessoa, por qualquer meio, direta ou indiretame­nte, de uma forma que possa provocar à vítima medo ou inquietaçã­o, ou prejudicar a sua liberdade. Pode ser, por exemplo, o caso típico do marido que não se conforma com a separação da mulher e a persegue e vigia, envia men-

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