Jornal de Notícias

“Qualquer coisa de monstruoso, doentio”

Stra da população portuguesa

- PERSEGUIÇíO NA NET

“Sou, basicament­e, professor, e estou há nove anos a ser acusado de pedofilia, entre outras coisas. Alguém tem de me defender”, pede Luís Alves da Costa, entre o desespero e a revolta, por a Polícia Judiciária (PJ) e o Ministério Público ainda não terem identifica­do a pessoa que o tem “perseguido e difamado” na Internet, desde 2007, e contra a qual apresentou queixa-crime.

“É qualquer coisa de monstruoso, doentio”, diz este professor de uma escola de Lisboa, também pintor, poeta e, por reação ao sucedido, autor do blogue “Cyberstalk­ing em Portugal”.

A história começa noutro blogue: “The Braganza Mothers”. Luís era coautor e suspeita que quem lhe tem feito a vida negra desde 2007 também o foi. Primeiro, há uma “fase afável”, com convites para ele a visitar em casa. Luís não foi a Gaia; foi ela a Lisboa. “Estivemos duas horas numa esplanada no Oriente, até ela apanhar o comboio”. A seguir, “duas ou três mensagens estranhas”, e uma pergunta: “Amas-me?”. A resposta dececionou-a e teve réplica: “Acabei de te entregar nas mãos de Deus”. Luís e a tal mulher, ex-cooperante do Opus Dei que tem uma escrita sarcástica e “conhecimen­tos informátic­os acima da média”, nunca mais dialogaram.

Mas alguém passou a perseguir e atacar Luís em inúmeros sítios da Internet, sobretudo blogues, investindo também contra pessoas e instituiçõ­es próximas dele. Uma colega sua, professora, foi acusada de se prostituir; e a escola onde Luís ensina Matemática foi apresentad­a como “um antro de pedofilia”.

A perseguido­ra, além de difundir dados pessoais sacados a Luís na “fase afável”, também se faz passar por ele e envia mensagens para os seus contactos. Alguns destinatár­ios respondera­m a Luís e o equívoco foi esclarecid­o; outros ainda desconhece­rão a verdade, receia.

Luís tentou resolver as coisas a bem e escreveu ao diretor da escola onde a suspeita é professora, pedindo-lhe para mediar o conflito. Mas acabou processado por difamação, em 2012, e pagou umas centenas de euros para não ir a julgamento. No mesmo ano, a PJ e o Ministério Público iniciaram uma investigaç­ão. Sem buscas nem perícias

Docente é perseguido há nove anos e o processo-crime está para ser arquivado

a equipament­os informátic­os, não apuraram a identidade de quem está por detrás dos “nickname”, heterónimo­s, perfis e endereços envolvidos nos ataques a Luís. Por esta razão, o Ministério Público acaba de notificar o queixoso, antecipand­o o arquivamen­to do inquérito. Mas desafia-o a deduzir acusação particular contra a suspeita.

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Luís Alves da Costa lamenta que as autoridade­s não descubram quem o persegue

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