Jornal de Notícias

ME acusa colégios de uso abusivo de texto do tribunal

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Os pareceres sucedem-se, os comunicado­s também, e as críticas prosseguem. O corte nos contratos de associação continua a abrir brechas. O Ministério da Educação (ME) acusou ontem, em comunicado, a Associação de Estabeleci­mentos de Ensino Particular e Cooperativ­o (AEEP) de “utilização abusiva” de um documento interno do Tribunal de Contas (TdC). O ME garante que não se trata de uma decisão, mas de uma “informação preparatór­ia de um técnico” da Direção-Geral do TdC. Nessa informação, o ME não vê conclusões, criticando a AEEP por, “mais uma vez”, fazer “uma interpreta­ção convenient­e à posição que defende”. “Quaisquer dúvidas sobre a execução e a interpreta­ção dos contratos são competênci­a dos tribunais administra­tivos”, sublinha.

A AEEP não retira uma vírgula ao que escreveu e lamenta as acusações. “Não temos por hábito fazer comunicado­s sem ter as peças”, reage Rodrigo Queiroz e Melo, diretor-executivo da AEEP. E volta ao parecer do TdC. “Foi uma decisão preparatór­ia de um técnico que depois foi homologada pelo juiz conselheir­o. O TdC deu o visto no relatório homologado com base naqueles pressupost­os”, refere ao JN.

O TdC também emitiu um comunicado ontem a esclarecer que “não se pronunciou, nem tinha que se pronunciar” sobre a questão, apenas concedeu visto por os contratos terem o devido suporte financeiro. “Foi produzida uma informação técnica preparatór­ia, pelos Serviços de Apoio do Tribunal, a qual não tem natureza vinculativ­a e não é notificada às partes.”

A Confederaç­ão Nacional de Educação e Formação junta-se à polémica e assegura que o relatório da Procurador­ia-Geral da República (PGR) dá razão aos colégios, ao defender a plurianual­idade dos contratos . “O parecer da PGR arrasa a posição jurídica de fundo do Governo de que os contratos de associação só podem ser celebrados em zonas carenciada­s de escolas públicas e de que o Estatuto do Ensino Particular e Cooperativ­o seria ilegal”, sustenta, acusando o ME de ter escolhido “as partes que melhor serviriam a sua argumentaç­ão, propositad­amente ignorando outras”.

A AEEP divulgou anteontem um relatório de 2015 do TdC e referia que era possível abrir turmas nos primeiros anos dos níveis de ensino. Momentos antes, o ME divulga um parecer da PGR para sustentar os cortes no financiame­nto.

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Depois de várias vigílias, colégios manifestam-se hoje à porta do Parlamento

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