Jornal de Notícias

Filmada a contratar morte do marido diz que vídeo é ilegal

Porto Alega que tudo não passa de atos preparatór­ios cometidos num momento de grande perturbaçã­o, após se ter separado de advogado

- Alexandre Panda e Óscar Queirós justica@jn.pt

A mulher acusada pelo Ministério Público do Porto de contratar capangas para assassinar o ex-marido, um abastado advogado, a sogra e a rival grávida, para herdar a sua fortuna, diz que o vídeo em que aparece a negociar as circunstân­cias e preço a pagar pelos assassinat­os não pode ser válido como prova porque não foi por si autorizado. Fernanda Oliveira, de 39 anos, requereu a abertura de instrução do caso para tentar não ir a julgamento. A decisão é esperada até ao fim do mês.

De acordo com o Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal do Porto (DIAP), Fernanda compromete­u-se a pagar 175 mil euros ao outro arguido, Alfredo Damas, de 44 anos, e ao segurança Fernando Teixeira, que filmou os encontros conspirati­vos e denunciou o caso às autoridade­s. A arguida foi filmada, pelo “segurança” que tinha contratado, a combinar os homicídios do ex-marido, António Quintas, advogado de sucesso do Porto, da nova companheir­a dele (que a arguida sabia estar grávida), e ainda da mãe do causídico.

No Requerimen­to de Abertura de Instrução (RAI),, a que o JN teve acesso, Fernanda contesta a acude sação de três crimes de homicídio na forma tentada. Alega que os fotogramas juntos ao processo constituem uma prova ilegal, por terem sido recolhidos sem o seu consentime­nto, nem das demais pessoas que lá surgem, facto que o seu defensor consideram “clara intromissã­o na vida privada dela”.

A mulher, malgrado os vídeos, não admite ter encomendad­o as mortes, alega ainda que tudo não passa de um processo de intenções, atos preparatór­ios, que nunca foram concretiza­dos. Fernanda Oliveira, através da sua advogada, garante ainda que os factos descritos pelo MP não passam de uma instigação, que até tem dificuldad­es em delimitar quem instiga quem, deixando no ar a ideia de que ela poderá ter sido influencia­da pelos “capangas”.

A arguida diz ainda que tudo aconteceu num quadro de enorme perturbaçã­o por causa de uma separação conturbada, a ponto de ter tentado o suicídio. Também garante que estava a passar por grandes dificuldad­es económicas, sem dinheiro sequer para confeciona­r alimentos.

Tiveram dois filhos

O advogado António Quintas e a arguida, Fernanda Oliveira, casaram em 2009, em regime de separação bens. Tiveram dois filhos. Separaram-se três anos depois. De acordo com o DIAP do Porto, a arguida não tinha rendimento­s e começou a pensar como poderia herdar a fortuna do marido. Foi então que decidiu contratar os capangas.

Terá tido azar, já que um deles – Fernando – mostrou-se interessad­o mas nunca teve a intenção de executar o contrato. Compareceu a vários encontros, em abril e maio de 2013, para combinar os homicídios, mas filmou, com um telemóvel, as conversas conspirati­vas, já que era sua intenção denunciar o caso às autoridade­s, o que aconteceu. Para o DIAP, Fernando, graças ao facto de ir mantendo na expectativ­a a alegada mandante, nunca temeu que ela ou o cúmplice contactass­em outra pessoa para cometer os homicídios.

A 24 de maio, Fernando foi denunciar o caso à PJ, dando início às investigaç­ões. A mulher e o cúmplice foram constituíd­os arguidos e ela teve como medida de coação acessória a proibição de contactar ou de se aproximar do ex-marido.

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Fernanda está proibida de se aproximar do ex-marido

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