Zika não justifica mexer nos Jogos Olímpicos
Brasil Organização Mundial de Saúde crê que cancelamento ou mudança de local do evento não alterará radicalmente propagação do vírus
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que o cancelamento ou mudança de local dos Jogos Olímpicos deste ano, no Rio de Janeiro, no Brasil, não vai alterar radicalmente a propagação do vírus zika, em resposta a um pedido de 150 especialistas em saúde.
“Um cancelamento ou mudança de local dos Jogos Olímpicos não mudaria significativamente a propagação internacional do vírus zika”, afirmou a OMS, em comunicado, respondendo, assim, a um apelo de 150 peritos científicos para que os Jogos Olímpicos previstos para o Brasil sejam deslocados ou adiados devido aos riscos do zika para a saúde.
Numa carta aberta à diretora-geral da OMS, Margaret Chan, professores de medicina e de bioética e outros cientistas de dez países alertaram para o facto de o zika representar “um risco desnecessário”, tendo em conta que 500 mil turistas estrangeiros de todos os países “vão para ver os jogos e podem ser potencialmente infetados, levando o vírus para casa, onde a infeção se pode tornar endémica”.
O vírus pode provocar microcefalia fetal, malformação grave e irreversível do crânio e desenvolvimento incompleto do cérebro.
A OMS repetiu, assim, o conselho dado no passado dia 12, de que mulheres grávidas não devem viajar para os países ou regiões que registem casos de transmissão sexual do zika.
Aqueles que querem viajar para o Brasil para ver os Jogos Olímpicos devem, antes, seguir o conselho de saúde pública para o seu país e consultar um médico, diz OMS.
“A OMS continuará a acompanhar a situação e adaptar as suas recomendações, se necessário”, refere a organização internacional, ainda no comunicado.
O Brasil é o país mais afetado pelo zika, com 1,5 milhões de pessoas contaminadas e cerca de 1.300 casos de microcefalia, desde o ano passado.
Ainda segundo a OMS, a epidemia do vírus zika na América Latina é o resultado do abandono das políticas antimosquito nos anos 1970. “Acima de tudo, a propagação do zika, o reaparecimento do den-
Peritos científicos apelaram para Jogos serem alterados
gue e a ameaça emergente do chikungunya são o resultado da política desastrosa dos anos 1970, que conduziu ao abandono do controlo dos mosquitos”, declarou Margaret Chan, na abertura da assembleia mundial da saúde, que reuniu, em Genebra, na Suíça, na semana passada, cerca de 3.000 participantes.
O zika, o dengue e o chikungunya são três doenças transmitidas pelo mosquito de tipo Aedes Aegypti.