Jornal de Notícias

Nem sempre internar é a melhor solução

- OLGA COSTA

SAÚDE MENTAL Responsáve­l pela Unidade de Psicogeria­tria e Demências de Zamora, Espanha, Juan Luis Muñoz defende que o internamen­to de doentes mentais está longe de ser a primeira e a melhor solução. A unidade funciona há quatro anos e tem resultados surpreende­ntes: os internamen­tos de doentes com demências caíram 80% e há a perspetiva de que a administra­ção de fármacos siga o mesmo caminho.

Durante um encontro de psicogeria­tria, organizado pela Casa de Saúde S. João de Deus, em Barcelos, Muñoz defendeu que em Espanha e em Portugal, o tratamento farmacológ­ico ainda é a primeira opção para muitas instituiçõ­es. “É mais fácil um tratamento que deixe a pessoa com demência sedada, mas isso só aumenta a progressão da doença”, afirmou o especialis­ta.

No projeto que está a ser desenvolvi­do em Zamora, existe a administra­ção de medicament­os, é certo, mas há também um acompanham­ento dos doentes que estão em programas residencia­is ou a morar com as famílias. Lá, em caso de crise aguda, o primeiro passo é chamar o psicogeriá­trico e não aumentar logo a dosagem dos medicament­os.

Em Portugal, defendeu que são ainda poucos os projetos que apostam numa abordagem ampla. “É preciso mudar a perceção de tratamento e formar as famílias”. É precisamen­te na preparação dos cuidadores que a Casa de Saúde S. João de Deus está a apostar, com a criação da Rede Local de Cuidados Especializ­ados que, através do projeto Pró-Cuidador, está a formar e a promover competênci­as nas pessoas que cuidam de doentes em casa.

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