Jornal de Notícias

NA GNR NÃO SE OUVIAM RUMORES DE GOLPES

- TEIXEIRA CORREIA

Envergou durante 30 anos a farda cinzenta de cotim da Guarda Nacional Republica (GNR), que despiu a 2 de agosto de 1991, depois de alguns anos na Fábrica Nacional de Material de Guerra, em Moscavide (Lisboa). “Estive seis anos à espera de ser chamado para entrar na GNR. Não gostava da vida em Lisboa. A pacatez do Alentejo era o meu sonho”. Hoje, ajuda o filho e a nora no café que tem o nome da família e que, por ironia do destino, está localizado a cerca de 50 metros do Comando da GNR e tem muitos clientes da Guarda. Luís Maduro foi, durante muitos anos, condutor do comandante de secção. Antes de chegar a Beja, passou pelos postos de Sabóia (Odemira) e Vila Nova de São Bento (Serpa), e a forma de estar era a mesma: “Sem horários de trabalho, não se desapertav­am as botas”. Nas visitas aos postos com o seu comandante, “não se ouviam conversas sobre qualquer golpe de Estado”, já que, nesse tempo, “não havia telemóveis e as conversas eram mais reservadas”. Na manhã do dia 25 de abril, os militares que não estavam de serviço “foram para os seus postos, à medida que ouviram as notícias na rádio”, e os portões foram “encerrados”, à espera de ordens superiores. Foi, porém, “um dia calmo e sem manifestaç­ões”. “No quartel, estiveram elementos do Exército a falar com os nossos comandante­s. Do que falaram? Nada transpirou, mas certamente para saber se estavam com os militares.” Do 25 de Abril, Luís Maduro considera que “a liberdade terá sido a maior conquista” e sublinha que, “mesmo com a Reforma Agrária, os alentejano­s foram pacíficos”.

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