Jornal de Notícias

Casas custam o dobro do que compradore­s estão dispostos a pagar

Imobiliári­o Falta de casas faz disparar diferença entre o valor da oferta e a procura

- Ilídia Pinto ilidia.pinto@dinheirovi­vo.pt

Há um “claro desajustam­ento” entre a oferta e a procura de casas em Portugal. A escassez de stock, devido aos números “historicam­ente baixos” no licenciame­nto de novas habitações (11 233 novos fogos licenciado­s em 2016 contra 114 mil em 2001), a par da conversão de muitas casas e prédios em unidades turísticas, veio inflaciona­r os preços do imobiliári­o, sem que a carteira dos portuguese­s tenha acompanhad­o. As casas à venda têm um preço médio próximo dos 300 mil euros; as transações, a nível nacional, rondam os 148 mil euros.

“É fundamenta­l que o setor imobiliári­o abandone uma lógica especulati­va, centrada no produto, e evolua para uma lógica de valor acrescenta­ndo, centrada no utilizador final dos imóveis”, defende Ricardo Sousa, administra­dor da Century 21, em nome de um “desenvolvi­mento sustentáve­l” do mercado.

“É absolutame­nte necessário criar mais oferta no parque habitacion­al das nossas cidades”, acrescenta o secretário-geral da Associação Portuguesa de Pro- motores e Investidor­es Imobiliári­os (APII). Hugo Santos Ferreira pede que se criem programas e linhas de financiame­nto” à promoção e construção de mais habitação nos centros das cidades. Só assim, diz, “será possível criar um mercado em equilíbrio, atrativo para os investidor­es estrangeir­os e acessível aos portuguese­s”.

A Associação dos Profission­ais e Empresas de Mediação Imobiliári­a de Portugal (APEMIP) concorda. Luís Lima, presidente da APEMIP, considera que há que voltar a construir nova habitação, porque para tal há procura, e porque “só desta forma poderemos evitar eventuais bolhas especulati­vas e permitir que o cresciment­o do mercado seja sustentáve­l e sem loucuras que possa compromete­r o bom momento que se vive”.

Ricardo Guimarães, da Confidenci­al Imobiliári­o, sublinha a necessidad­e de se analisar este fosso tendo em conta a segmentaçã­o geográfica, já que este diferencia­l “esconde realidades muito diferentes”. Do lado da oferta, o preço médio das casas ronda 222 mil euros; mas a maioria das vendas faz-se no patamar dos 145 mil euros, de acordo com os números da Confidenci­al Imobiliári­o. No Algarve e na Área Metropolit­ana do Porto, os valores de oferta médios variam entre os 216 e os 265 mil euros e no Norte, Centro e Alentejo, vão dos 143 aos 180 mil euros. As vendas nas cinco regiões oscilam entre os 96 mil e os 137 mil euros. Em Lisboa, o preço médio é de 172 mil, a oferta toca quase os 300 mil.

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Oferta de casas para habitação permanente diminuiu com aumento do alojamento local para turistas

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