PJ mandou segurar provas de “batota”
Freamunde Denunciante é uma mulher que trabalha no apoio a futebolistas e recebeu mensagens escritas
Quando recebeu a denúncia de possível viciação do jogo Freamunde-Penafiel (1-2), a Polícia Judiciária (PJ) do Porto pediu para serem asseguradas as provas de que o resultado possivelmente já estaria determinado antes do encontro. Trata-se de mensagens escritas de telemóvel recebidas por uma mulher, que exerce funções na área do acompanhamento psicológico de futebolistas. Foi a GNR de Freamunde que garantiu a integridade da prova e identificou o árbitro, Hélder Malheiro.
Ao JN, a denunciante – que foi ontem à tarde inquirida na PJ do Porto – explicou que o desenrolar da partida levou à sua tomada de posição. “Antes do jogo, recebi uma mensagem de um amigo, que me alertava para a possibilidade de este jogo estar viciado e poder ter um final agitado”, o que inicialmente ela encarou como uma brincadeira.
“No início, não liguei e pensei que até fosse brincadeira. Entretanto, cerca da meia hora de jogo, recebi nova mensagem a indicar o resultado correto ao intervalo e no final”, Como a partida estava morna e sem situações de perigo, chegou a ironizar com a situação.
“Respondi, em tom de brincadeira, a esse amigo, que as informações deviam estar erradas, mas a verdade é que pouco depois surgiu o golo do Penafiel”. O amigo – garante - “não tem qualquer ligação a estes esquemas, mas terá ouvido rumores em conversas com outras pessoas”.
Com o jogo a chegar ao final, algo começou a incomodar a denunciante, que pediu ao JN para não ser identificada. “Quando comecei a ver o resultado idêntico ao que me tinham dito e dentro do relvado a passarem-se coisas estranhas, como golos anulados indevidamente e penáltis claros por assinalar, achei que não podia ficar calada, porque não ficaria de consciência tranquila. Fiquei assustada e contactei os dirigentes do Freamunde”. O fenómeno do “match fixing” (viciação de resultados) não lhe é estranho e recorda-se do caso da época passada.
Após ter alertado os dirigentes, que pediram de imediato o envolvimento das autoridades, foi ouvida na GNR de Freamunde, onde apresentou as mensagens recebidas. É testemunha na investigação na PJ, que já tem um inquérito por corrupção desportiva envolvendo clubes (Oriental e outros), da época passada da 2.ª Liga. Membros da claque SuperDragões são suspeitos de terem subornado jogadores para viciação de resultados, tendo em vista avultados ganhos em apostas desportivas.