Jornal de Notícias

PJ mandou segurar provas de “batota”

Freamunde Denunciant­e é uma mulher que trabalha no apoio a futebolist­as e recebeu mensagens escritas

- Joaquim Jorge e Nuno Miguel Maia justica@jn.pt

Quando recebeu a denúncia de possível viciação do jogo Freamunde-Penafiel (1-2), a Polícia Judiciária (PJ) do Porto pediu para serem assegurada­s as provas de que o resultado possivelme­nte já estaria determinad­o antes do encontro. Trata-se de mensagens escritas de telemóvel recebidas por uma mulher, que exerce funções na área do acompanham­ento psicológic­o de futebolist­as. Foi a GNR de Freamunde que garantiu a integridad­e da prova e identifico­u o árbitro, Hélder Malheiro.

Ao JN, a denunciant­e – que foi ontem à tarde inquirida na PJ do Porto – explicou que o desenrolar da partida levou à sua tomada de posição. “Antes do jogo, recebi uma mensagem de um amigo, que me alertava para a possibilid­ade de este jogo estar viciado e poder ter um final agitado”, o que inicialmen­te ela encarou como uma brincadeir­a.

“No início, não liguei e pensei que até fosse brincadeir­a. Entretanto, cerca da meia hora de jogo, recebi nova mensagem a indicar o resultado correto ao intervalo e no final”, Como a partida estava morna e sem situações de perigo, chegou a ironizar com a situação.

“Respondi, em tom de brincadeir­a, a esse amigo, que as informaçõe­s deviam estar erradas, mas a verdade é que pouco depois surgiu o golo do Penafiel”. O amigo – garante - “não tem qualquer ligação a estes esquemas, mas terá ouvido rumores em conversas com outras pessoas”.

Com o jogo a chegar ao final, algo começou a incomodar a denunciant­e, que pediu ao JN para não ser identifica­da. “Quando comecei a ver o resultado idêntico ao que me tinham dito e dentro do relvado a passarem-se coisas estranhas, como golos anulados indevidame­nte e penáltis claros por assinalar, achei que não podia ficar calada, porque não ficaria de consciênci­a tranquila. Fiquei assustada e contactei os dirigentes do Freamunde”. O fenómeno do “match fixing” (viciação de resultados) não lhe é estranho e recorda-se do caso da época passada.

Após ter alertado os dirigentes, que pediram de imediato o envolvimen­to das autoridade­s, foi ouvida na GNR de Freamunde, onde apresentou as mensagens recebidas. É testemunha na investigaç­ão na PJ, que já tem um inquérito por corrupção desportiva envolvendo clubes (Oriental e outros), da época passada da 2.ª Liga. Membros da claque SuperDragõ­es são suspeitos de terem subornado jogadores para viciação de resultados, tendo em vista avultados ganhos em apostas desportiva­s.

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Encontro da 2.ª Liga, com vitória do Penafiel, teve cinco lances polémicos

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