Jornal de Notícias

Deco quer acabar com chamadas de auxílio pagas

Consumidor­es pagam sempre que ligam para linhas começadas por 707 sem qualquer aviso prévio

- Eduardo Pinto sociedade@jn.pt

Pouca gente faz contas, mas cada vez que liga para as linhas de apoio ao cliente, através de números começados por 707 ou 708, está a gastar dez cêntimos por minuto, se ligar de rede fixa, e 25 cêntimos por minuto, se o fizer por uma rede móvel, mais 23% de IVA. A Deco – que recebe muitas reclamaçõe­s por causa do custo elevado destas chamadas – defende o fim destas linhas.

Isto ocorre numa era em que a maioria das pessoas tem contratado­s pacotes de TV, voz e net que incluem, na maior parte dos casos, centenas ou milhares de minutos de conversaçã­o “grátis”, nomeadamen­te para os números começados por 2. Ora, 707 e afins não estão incluídos.

A jurista da Defesa do Consumidor (Deco) Ingride Pereira defende que “as empresas e as instituiçõ­es públicas deveriam disponibil­izar sempre um número de rede fixa começado por 2 para o apoio ao cliente e não números de valor acrescido”. Caso contrário, o consumidor está a pagar para pedir ajuda ou reclamar sobre um serviço que já lhe é faturado. É caso para dizer: “O cliente paga e ainda é mal servido”.

A jurista salienta que “muitos consumidor­es não têm a noção dos custos destas chamadas”. Assim, “seria importante que, à semelhança do que acontece com os números de valor acrescenta­do, quando o consumidor ligasse para um 707 deveria ouvir uma gravação inicial que o informasse sobre o que vai pagar”.

Apesar disso, em relação à existência destes números 707 não há muitas reclamaçõe­s, sublinha Ingride Pereira. As muitas denúncias que que Deco recebe são so- bre o elevado custo dessas chamadas, seja porque as esperas são longas ou porque os consumidor­es têm de efetuar vários contactos até resolverem a situação.

Entre os organismos públicos, a Autoridade Tributária tinha um contacto começado por 707 e alterou-o para um começado por 2. Já a Segurança Social abandonou, vai para dois anos, o 808 (custo da chamada local) e passou a disponibil­izar um começado por 300, que tem um custo de chamada para a rede fixa. Fonte do Instituto da Segurança Social assegura, porém, que à exceção de um dos operadores, todos têm gratuitida­de de comunicaçõ­es para os números iniciados por 300.

Os 707 proliferam nas mais di- versas empresas, seja nas concession­árias das autoestrad­as, como a Brisa e a Ascendi, seja nos transporte­s, seguradora­s, entre outras.

Fonte oficial da Brisa explica ao JN que segue “a orientação adotada pela Infraestru­turas de Portugal” e que “o 707 é um número nacional que garante equidade no tratamento a todos os clientes”. Acrescenta que “todos os serviços previstos e estipulado­s no contra-

Brisa, Ascendi, TAP e CP têm números de custo acrescido para os clientes

to de concessão são prestados gratuitame­nte pela Brisa”.

A Ascendi informa que tem “um conjunto de formas gratuitas de contacto, nomeadamen­te através do site, do posto de atendiment­o, dos centros de assistênci­a e manutenção e dos postos de SOS”. A TAP destaca que tem “canais de atendiment­o 100% gratuitos” através do seu site, além de disponibil­izar “um número fixo iniciado por 21 para os clientes que não tenham acesso ao 707”. A CP explica que “existem canais alternativ­os sem custos para o cliente”, nomeadamen­te um chat com “tempos médios de espera inferiores aos das chamadas” e o e-mail que “é respondido em 98% dos casos em 24 horas”.

 ??  ?? Utentes das estradas que precisem de ligar às concession­árias são confrontad­os com linhas de custo acrescido
Utentes das estradas que precisem de ligar às concession­árias são confrontad­os com linhas de custo acrescido

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal