Portugueses gastam 8 horas por semana para irem trabalhar
Mobilidade Observatório Europeu revela que maioria dos lusitanos critica o investimento insuficiente no transporte público e usa o carro no dia a dia
Os portugueses consomem oito horas por semana nas deslocações de casa para o emprego ou escola e a maioria considera que o investimento estatal em transportes públicos é insuficiente. O automóvel continua a esmagar a concorrência, acima da média europeia: 72% dos lusos usam-no nas viagens para o trabalho, bem mais do que os europeus (61%).
Em Portugal, o carro passa pouco tempo na garagem, como dá conta a primeira edição do Observatório Europeu da Mobilidade. O estudo – realizado pela Ipsos e pelo Boston Consulting Group a mais de dez mil pessoas de dez países (Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Alemanha, França, Eslováquia, Bélgica, Polónia e Irlanda) entre 23 de fevereiro e 28 de março e que é divulgado hoje – mostra que temos uma preferência sem rival pelo automóvel.
É o veículo de referência para quase todos os trajetos do quotidiano, além da viagem para o trabalho. Por exemplo, sentam-se ao volante para levar as crianças às atividades (68%) ou para fazer as compras do lar (81%). Metade dos portugueses descarta os transportes públicos devido à reduzida frequência, 47% consideram que os seus destinos são mal servidos e 38% alegam dificuldade em usar o transporte coletivo perto do local da residência. Um em cada quatro portugueses sente que está demasiado longe de tudo e, entre esses inquiridos, quase metade reside em zonas rurais.
Rede de estradas agrada
A satisfação nacional com a rede rodoviária do país – na Europa, só é maior entre os alemães e os franceses – contrasta com as críticas ao sistema de transportes públicos. Os cidadãos entendem que os poderes públicos não investem suficientemente nas infraestruturas de transporte, seja na rede ferroviária (69% dizem que o investimento não chega), seja na rede urbana (65%).
A intermodalidade é uma das lacunas. Faltam mais pontos de ligação entre os diferentes meios de transporte coletivo, dizem 66% dos 1001 inquiridos lusos; um título de transporte único (83%); e estações rodoviárias com melhores ligações aos transportes públicos
Metade dos lusos não opta pelo transporte coletivo devido à reduzida frequência
urbanos (79%). Aliás, depois dos gregos, os portugueses são o povo europeu mais disposto a utilizar o transporte coletivo com maior frequência, caso fossem realizados os investimentos necessários naquele sistema: 82% garantem que o fariam. Já os alemães são os mais renitentes. Só 50% do inquiridos na Alemanha admitem utilizar com menos frequência a sua viatura.
O estudo, a que o JN teve acesso, revela também que 42% dos portugueses com emprego acreditam que, caso ficassem desempregados, teriam de mudar de local de residência para encontrar um trabalho equivalente.