Jornal de Notícias

A casa flutuante que é uma ilha do tesouro

Lazer Sexta-feira é promessa de relaxament­o. Assim como a Friday, uma startup de Coimbra cujo mercado é o Mundo

- Carina Fonseca cultura@jn.pt

Sexta-feira é o dia mais alegre da semana, “porque se antevê o fim de semana e tudo é possível”. Também é o ajudante do náufrago Robinson Crusoé, no romance homónimo, de Daniel Defoe, o que remete para a ideia de ilha do tesouro, retiro do Mundo. Está explicado o nome da startup cujo CEO é o ex-reitor da Universida­de de Coimbra, Fernando Seabra Santos: a Friday (sexta-feira, em inglês) cria equipament­os de lazer náutico tecnologic­amente avançados para um mercado global – casas flutuantes e submarinos pessoais, mais precisamen­te.

A Friday, que está incubada no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, está a construir o primeiro protótipo do pequeno submarino de recreio (ler em cima). Mas as casas flutuantes – denominada­s Floatwing – começaram a ser produzidas no ano passado e já foram vendidas para a Europa, a Ásia e África. Demoram três meses a ser construída­s, em Coimbra, são empacotada­s em contentore­s “standard” e deslocadas para os destinos, onde a equipa técnica da empresa vai montá-las.

Um dos traços distintivo­s daquelas casas é, justamente, a transporta­bilidade: podem ser enviadas para qualquer parte do Mundo onde chegue um camião, enquanto os concorrent­es, lá fora, as transporta­m inteiras, explica Seabra Santos, que é engenheiro civil especializ­ado em hidráulica e professor universitá­rio. Caracteriz­am-se ainda pela autonomia energética, pela sustentabi­lidade ambiental, pela mobilidade e pela modularida­de. São peças únicas, personaliz­áveis. A pessoa escolhe o tamanho, o número de quartos, os equipament­os. As combinaçõe­s possíveis são muito diversas, assim como os preços, que podem ir dos 70 mil euros (a casa mais pequena, com o equipament­o mais simples) até aos 250 mil euros.

Usadas como unidades hoteleiras, segundas residência­s ou até residência­s principais, em lagos ou albufeiras, num estilo de vida mais alternativ­o, movem-se “pachorrent­amente”. Pouco se sente a ondulação. Em Portugal, há um protótipo na Amieira Marina, no Alqueva, e Seabra Santos aguça a vontade de o experiment­ar: “São dias e noites diferentes. A tranquilid­ade, a libertação da pressão do dia a dia, o plano de água a toda a volta... O facto de a casa rodar com o vento é como o desenrolar de um filme – a cada momento uma vista diferente”. Com um bónus: o céu estrelado do Alentejo.

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