Jornal de Notícias

Visita do Papa António Costa dá tolerância de ponto à Função Pública

Direita aplaude e Esquerda não comenta dispensa na sexta-feira, 12 de maio

- Helena Teixeira da Silva e Rosa Ramos nacional@jn.pt

Os bispos portuguese­s pediram e o Governo, apesar de laico, concedeu. A Função Pública terá tolerância de ponto no dia 12 de maio (sexta-feira), o primeiro de dois dias da visita do Papa Francisco a Portugal para celebrar o centenário das aparições de Fátima e canonizar os pastorinho­s Jacinta e Francisco. A decisão terá ainda de ser aprovada em Conselho de Ministros e só depois será formalment­e anunciada, divulgou ontem a agência Lusa.

A ideia de pedir tolerância de ponto partiu de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, apurou o JN. O também vicepresid­ente da Conferênci­a Episcopal Portuguesa terá argumentad­o junto do Governo que se trata de “uma visita-relâmpago do Papa” e que seria importante permitir que as pessoas possam passar tempo com Jorge Bergoglio, o 266.º papa da Igreja Católica e o quarto a visitar o Santuário de Fátima.

Questionad­os pelo JN sobre uma decisão que não é inédita [ler em baixo], a Esquerda optou por não comentar, a Direita compreende e corrobora e os sindicatos também concordam. “É uma matéria da competênci­a exclusiva do Governo, o Bloco de Esquerda não se opõe”, afirmou uma fonte partido. Também o PCP disse ser um assunto sobre o qual “nada tem a dizer”. À direita, o PSD considera que a “deci- são do Governo é acertada”, embora, refere Hugo Soares, vice-presidente do partido, “não deixe de notar que estamos numa república laica”. O social-democrata encontra no “caráter excecional da medida” e na “relevância da visita papal” argumentos para concordar com a ponte. A mesma alegação é feita pelo CDS, que também “a apoia”.

O caráter excecional da visita e do Papa são referidas pelas centrais sindicais. O secretário-geral da UGT salienta que, “face ao enquadrame­nto extraordin­ário da visita do chefe de Estado da Igreja Católica – ainda que venha como peregrino, e ainda que seja expectável uma aglomeraçã­o de centenas de milhares de pessoas oriundas de todo o mundo –, é um ato político significat­ivo, que vai permitir à população que o desejar participar na cerimónia”. Carlos Silva lembra ainda “o impacto mediático da visita pastoral ao nível global, que levará a imagem de Portugal a todos os cantos do Mundo”.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, defende que “faz todo o sentido” permitir a tolerância de ponto, “para que aqueles que professam a religião católica possam deslocar-se a Fátima ou acompanhar a visita pelos meios de comunicaçã­o”. Por outro lado, acrescenta, trata-se não só “de um acontecime­nto especial, porque é a visita de um Papa, mas sobretudo da visita de um Papa que desde o início tem manifestad­o preocupaçõ­es com as questões sociais”.

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Tolerância de ponto durante visita do Papa a Portugal não é decisão inédita. Houve ponte nas cinco visitas papais a Fátima
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