Jornal de Notícias

Costa defende cativações para cumprir o défice

Debate quinzenal Passos Coelho acusa primeiro-ministro de violar compromiss­o com PSD e de lidar mal com entidades independen­tes

- Helena Teixeira da Silva helenasilv­a@jn.pt

O primeiro-ministro admitiu ontem, no debate quinzenal, no Parlamento, que as cativações são a forma de cumprir o défice. “No dia em que as cativações deixem de existir, não haverá uma boa gestão orçamental”, afirmou António Costa em resposta à líder do CDS-PP, que acusou o executivo de “esconder e sonegar” a dívida do Serviço Nacional de Saúde.

Assunção Cristas argumentou que a dívida no setor está a aumentar a um ritmo de 63 milhões de euros por mês. O chefe de Governo desvaloriz­ou e garantiu que, no final do ano, todos os compromiss­os serão honrados. “É verdade que em Fevereiro houve um aumento anómalo nas notas de crédito, mas em março voltaram à normalidad­e. No fim do ano, conseguire­mos os mesmos números”.

Cristas “agradeceu” o que considerou ser uma “confissão”. “Acabou de assumir que o que promete no Orçamento do Estado (OE) não é para cumprir”, lamentou. “Cativações são cortes cegos. Para si, não interessa o momento da aprovação do OE, o que interessa é dar o dito por não dito”. Ou seja, especifico­u, “o orçamento é um valor menos 20% de cativação”. Pedro Passos Coelho também mencionou o corte no investimen­to público, oferecendo-se para “arbitrar” o diálogo inicial entre o secretário-geral do PCP e o primeiro-ministro. Jerónimo de Sousa denunciara a “contradiçã­o entre as metas orçamentai­s e os compromiss­os do semestre europeu”, recebendo de António Costa o esclarecim­ento de que “não há contradiçã­o, mas tensão”.

O líder do PSD aproveitou a boleia para reiterar que “há contradiçã­o”, alegando que o défice de 2,1% foi atingido por via da “queda abrupta do investimen­to público face a 2015”. Ou seja, “uma das principais variáveis de ajustament­o não foi o que estava no OE mas o corte no investimen­to público. É uma contradiçã­o total para a geringonça e para Bruxelas ver”.

Estatutos omissos

O líder do PSD levantou ainda a questão das nomeações para o Conselho de Finanças Públicas (CFP) que o Governo chumbou em março, acusando-o de “violar o acordo” de 2010 entre PS e PSD, quando decidiram criar o organismo, mas também de “lidar mal com entidades independen­tes”.

Costa respondeu que as sugestões dos nomes são do Banco de Portugal e do Tribunal de Contas, mas a competênci­a de nomear é do Governo, não se sentindo obrigado a aceitar os nomes propostos. O JN consultou os estatutos e são omissos quanto à possibilid­ade de rejeição do Governo.

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Primeiro-ministro diz que é falsa a tese de que o défice foi conseguido à custa da redução de investimen­to público

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