Jornal de Notícias

Swaps vão custar cada vez mais em juros

Santander Acordo não alterou contratos com as empresas públicas

- Filipe Paiva Cardoso filipe.cardoso@dinheirovi­vo.pt

Os contratos swaps celebrados entre o Santander Totta (BST) e as empresas públicas de transporte não sofreram qualquer alteração com o recente acordo fechado entre o Governo e o grupo espanhol sobre os pagamentos em atraso. Estes swaps vão assim continuar a acumular juros ao longo dos próximos trimestres, já que é expectável que as taxas de juro do Banco Central Europeu se mantenham a níveis reduzidos. Caso as taxas subissem, o Estado beneficiar­ia com os swaps.

Na sequência do acordo fechado entre o Estado e o Totta, Metro do Porto, Metro de Lisboa, Carris e Sociedade de Transporte­s Coletivos do Porto ficaram obrigados a saldar quanto antes 529 milhões de euros relativos aos compromiss­os que deixaram de respeitar a partir de 2013, por decisão da então ministra das Finanças. A este valor acrescenta­m-se mais 1159 milhões de euros de perdas potenciais que os contratos acumulam até ao seu vencimento – o último termina apenas em 2027.

Questionad­o sobre o tema, António Vieira Monteiro, presidente do BST, confirmou durante a apresentaç­ão de resultados do banco (ver ficha) que o acordo anunciado a 12 de abril com o Estado visou apenas a normalizaç­ão dos pagamentos por parte das empresas, não tendo sido feita qualquer alteração aos mesmos.

Os últimos dados oficiais consultado­s pelo JN/Dinheiro Vivo, mostram que estes contratos já cobravam entre 30% e 92% aos contribuin­tes, sendo que segundo o “Eco”, três destes swaps já passam os 100% de juros entretanto.

Sobre estes níveis de juros, e perguntado sobre se sentia confortáve­l em cobrar valores tão elevados aos contribuin­tes residentes em Portugal, António Vieira Monteiro apontou não ser esse o seu papel, antes o de cumprir contratos: “Não tenho que estar confortáve­l ou deixar de estar”, disse.

O líder do Santander Totta apontou também que o banco não obteve qualquer ganho na sequência do acordo com o Estado.

Além de visar os pagamentos, o acordo entre o banco e o Governo inclui também a cedência pelo grupo espanhol de um empréstimo de 2,3 mil milhões de euros ao Estado, por um juro inferior a 2%.

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António Vieira Monteiro, presidente executivo do Santander Totta

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