O espírito da dança numa obra-prima
Estreia da semana “Bailarina” mostra que a animação não é monopólio de Hollywood
Numa altura em que as animações “made in Hollywood” se começam a parecer umas com as outras e em que os grandes estúdios preferem produzir sequelas atrás de sequelas em vez de se apostar em histórias novas, felizmente que há outros mercados com propostas tão ou mais aliciantes.
É o caso da principal estreia desta semana, “Bailarina”, que nos chega de França, numa coprodução com o Canadá. Trata-se, é verdade, de dois países com forte tradição na animação, mas que raras vezes têm conseguido números de espectadores tão elevados como as superproduções da Disney, da Pixar ou da DreamWorks.
E “Bailarina” tem tudo o que uma animação deve ter e muito do que nem sempre se espera de um filme do género. A história da fita decorre em finais do século XIX, iniciando-se na Bretanha, onde Felicie, que sonha ser bailarina (voz de Elle Fanning) foge do orfanato com o seu melhor amigo, Victor, que quer ser inventor (voz de Dane DeHaan). Paris é o seu destino natural, numa altura em que a construção da Torre Eiffel atrai a atenção de quem se interessa por novas tecnologias e a Ópera é o destino de sonho de uma aspirante a bailarina.
Toda a magia do cinema O filme tem um pouco de tudo o que é necessário para agradar a públicos mais jovens: ação, aventura, humor e romance. Depois, mostra um respeito tal pela dança clássica que é seguido há muito por todos aqueles que a praticam, um pouco por todo o mundo. Com um segredo para quem for capaz de o adivinhar: só há um movimento de dança que é praticamente impossível de ser conseguido pelo ser humano…
O melhor elogio que se pode fazer a “Bailarina” é que nos esquecemos rapidamente que estamos a ver um filme animado. E a verdade é que os seus principais responsáveis nem sequer têm origem na área, aceitando o desafio com o mesmo sonho da personagem que criaram. É essa, também, a magia do cinema.