Jornal de Notícias

Voz de Caetano encheu o Coliseu

- ANA PEIXOTO FERNANDES

PORTO “Vem aí uma pessoa que a gente ama e admira. Como se diz lá no Rio: Caetano é foda!”. E foi. De cravo vermelho ao peito, o cantor brasileiro, ali apresentad­o por Teresa Cristina, que fez a primeira parte, inebriou a sala lotada do Coliseu Porto com uma voz tamanha que quase dispensava o violão que o acompanhou em 20 canções. O público foi altamente responsivo sem precisar de apelos.

O show começou o com o samba carioca de Teresa e Carlinhos 7 Cordas na viola, a revisitar o compositor Agenor Oliveira (o célebre Cartola). “Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida, já anuncias a hora de partida”, principiou a letra de “O Mundo é um moinho”, abrindo um ténue trautear do público, que haveria de se fazer ouvir até ao fim.

Nove canções depois, entra Caetano. De “Luz do sol” para começar, passando por “Leãozinho”, “Menino do Rio”, “Cucurrucuc­u Paloma” (um dos mais emotivos) e “Abraçaço”, até às “duas canções representa­tivas do tropicalis­mo que não chegaram a ser muito populares”, segundo o cantor, “Enquanto o seu lobo não vem” e “A voz do morto”, Caetano nunca desarmou na sua poderosíss­ima voz de sempre. Perto do fim, “Força estranha”, elucidou quem se espanta com a bênção de poder continuar a ouvir Caetano, por mais que os anos passem, a soar ao Caetano dos discos. “A vida é amiga da arte. É a parte que o sol me ensinou. O sol que atravessa essa estrada que nunca passou. Por isso uma força me leva a cantar. Por isso essa força estranha no ar. Por isso é que eu canto, não posso parar”.

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Caetano Veloso com Teresa Cristina

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