Israel endurece regras de acesso à mesquita al-Aqsa
Jerusalém Medidas de segurança após ataque a polícias na Cidade Velha levam muçulmanos a oração de protesto nas ruas. Três palestinianos foram mortos
Serviço de segurança interna israelita opusera-se ao uso de detetores de metais
O serviço de segurança interna israelita, Shin Beit, avisara há dias o Governo de Benjamin Netanyahu de que a manutenção de medidas restritivas no acesso à Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar sagrado do Islão, na cidade velha de Jerusalém, seria atirar faíscas para um barril de pólvora. Confirmouse que estava certo: ontem, pelo menos três palestinianos foram abatidos em Jerusalém Este, enquanto milhares de muçulmanos respondiam ao reforço de segurança israelita cumprindo as orações de sexta-feira nas ruas em torno das muralhas, a pedido do grande mufti de Jerusalém.
A escalada de tensão era previsível após o atentado de 14 de julho, em que três árabes israelitas mataram dois polícias israelitas antes de serem abatidos, em plena Esplanada das Mesquitas. O lugar, sagrado também para os judeus, que o intitulam Monte do Templo, mas onde não podem aceder para orações, foi imediatamente fechado a todos. Dois dias depois, era reaberto, mas com pórticos detetores de metal nas entradas, medida rejeitada pelos muçulmanos, que acorrem aos milhares nas maiores orações. O local, gerido pela fundação jordana Waqf, encerra a mesquita al-Aqsa, que simboliza Maomé, mas sobretudo a identidade palestiniana na cidade ocupada e controlada por Israel há 50 anos.
A procura da Esplanada das Mesquitas é de tal ordem que a passagem por pórticos torna a entrada impraticável. Mas foi à Polícia – que defende a manutenção da medida de segurança – que Netanyahu entregou o ónus de decidir, mantendo-se assim alheio a uma decisão que não lhe dava jeito: pouco depois do atentado, prometera à Autoridade Palestiniana que manteria a liberdade de acesso aos lugares santos. Depois disso, foi dizendo que os pórticos são uma banalidade e que servem, também, o acesso ao Muro das Lamentações.
Ontem, a Polícia determinou a proibição de acesso a toda a cidade velha a homens com menos de 50 anos, para reduzir a probabilidade de confrontos. A reação não se fez esperar: o líder da Autoridade palestiniana, Mahmoud Abbas, ligou ao genro do Presidente dos Estados Unidos pedindo-lhe a intervenção na questão – Jared Kushner tem sido o enviado de Donald Trump para as questões do Médio Oriente. E milhares de jordanos saíram à rua contra os “ocupantes sionistas”. Do seu lado, a Polícia israelita impediu o trabalho da imprensa internacional, segundo relatos da agência Efe, enquanto se somavam mortes e detidos. Uma das vítimas foi atingida a tiro por um colono israelita. Para os palestinianos, a escalada de tensão está a ser promovida por Israel para conseguir controlar o único pedaço de território que não tem em mãos na Cidade Velha de Jerusalém.