Milhões A música também se ouve debaixo de água
Festival Piscina com sistema de som dos Jogos Olímpicos
Não é que Eduardo e Francisco discordem do que diz a tímida placa metalizada numa das escadas do Palco Piscina do Milhões de Festa – “o som propaga-se quatro vezes mais rápido dentro de água”, reza a discretíssima apresentação do sistema de som subaquático que o festival de Barcelos estreou neste ano –, mas a verdade é que a inovação não causou o vivo entusiasmo que o grupo de amigos barcelenses idealizara.
“Ao chegarmos aqui, desiludimo-nos. É uma cena diferente, é uma experiência, só que passa despercebida. Mas é fixe tentarem fazer diferente”, diz Eduardo Castro, enquanto reclama, a rir, da falta de boias deste ano.
Dentro de água, ao início da tarde, poucos mergulhavam para ouvir o som de GPU Panic e Shake it Machine que uma única coluna colocada num dos cantos da piscina junto ao palco debitava. O portuense António Cochofel é que não quis ficar entre a maioria, e mergulhou mesmo para tentar apanhar alguns acordes na água. Até porque era a sua primeira experiência com música dentro de uma piscina.
“Perde-se um bocado os graves, mas ouve-se mesmo muito bem. É um som mais comprimido”, descrevia ele, enquanto se preparava para secar o corpo ao sol, que ontem à tarde esteve morno como o Palco Piscina, onde muitos terão procurado mais o bronze e a água. Mas a “piscina com som lá dentro” pareceu a António uma “boa ideia, original”. E “não há eco nem vi- bração”, diz.
“É supernítido”, concordariam Samuel e Rita, do mesmo grupo de amigos do Porto, embora eles não tenham mergulhado de pro- pósito para escutar trechos dos te- mas. “Dá para estar na piscina a 100% e aproveitar o concerto”, di- ria ela, que aguardava pela presta- ção dos Orchestra of Spheres, ain- da que ali estivessem mais pelo sol e pela água.
Como na natação sincronizada Sem resistir à piada fácil, os jovens amigos de Barcelos iam soltando alfinetadas à velocidade a que mergulhavam no azul do palco mais concorrido da tarde. “O único problema é que um gajo não con- segue ouvir uma música comple- ta. É a minha única queixa”, brin- cava Tiago Martins. “É fixe, mas é quase a mesma coisa que se ouve à superfície. Só é engraçado por ser uma coisa diferente”, atirava Francisco Dias.
Alex d’Alva Teixeira, músico convidado para apresentar o “live stream” do palco, tinha experimentado o sistema de som –“é o mesmo equipamento usado nos Jogos Olímpicos, para a natação sincronizada” – logo de manhã, e garantia que “uma coluna é suficiente”.