Os Pigs, a cabidela e o Canibal nas grades
Este festival – Milhões de Festa, a correr em Barcelos até ao próximo domingo, já madrugada de segunda; o último concerto, DJ Fitz, começa às 4 horas da manhã – não é como os outros. Ou porque tem música dentro de uma piscina, e este ano com uma inovadora coluna subaquática, ou porque o público não tem peneiras, ou porque não somos bombardeados com marketing por todos os lados ou porque é possível lá comer, entre concertos, um arroz de cabidela – sai invariavelmente entre as 2 e as 3 da madrugada, custa 2,5€ o prato e vai sempre “até se acabar o panelão”.
Mas haverá outra razão para que o Milhões se eleve acima dos outros: com cerca de 60 atos ao vivo alinhados em quatro dias, o seu índice de estreias, e portanto de descobertas, é seguramente o maior de todos em Portugal. Dos quatro concertos vistos na 1.ª noite há a salientar uma explosão: os Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs (sim, sete vezes) são ingleses, vieram de Newcastle, tocam ‘doom’ e ‘stoner metal’ – ou simplesmente rock que ressuda – e estrearam-se por cá.
Parecem demónios subterrâneos, com riffs implacáveis e uivos guturais, são abrasivos e não têm restrições. Levantaram evidentemente ‘mosh’ e criaram com grande alegria no público uma bela roda punk. Adolfo Luxúria Canibal, o omnipresente capitão dos Mão Morta, estava na primeira fila, colado às grades, a testemunhar o ‘happening’, feliz.
Do resto, uma confirmação (os Stone Dead, de Alcobaça, são bons), um desapontamento (Cigarra & Birdz Zie são demasiado tenros para um palco principal) e uma surpresa (o sírio Rizan Said, só em palco com um par de Korgs, é capaz de transmudar numa serpente qualquer som.