Jornal de Notícias

Os Pigs, a cabidela e o Canibal nas grades

- JOSÉ MIGUEL GASPAR

Este festival – Milhões de Festa, a correr em Barcelos até ao próximo domingo, já madrugada de segunda; o último concerto, DJ Fitz, começa às 4 horas da manhã – não é como os outros. Ou porque tem música dentro de uma piscina, e este ano com uma inovadora coluna subaquátic­a, ou porque o público não tem peneiras, ou porque não somos bombardead­os com marketing por todos os lados ou porque é possível lá comer, entre concertos, um arroz de cabidela – sai invariavel­mente entre as 2 e as 3 da madrugada, custa 2,5€ o prato e vai sempre “até se acabar o panelão”.

Mas haverá outra razão para que o Milhões se eleve acima dos outros: com cerca de 60 atos ao vivo alinhados em quatro dias, o seu índice de estreias, e portanto de descoberta­s, é segurament­e o maior de todos em Portugal. Dos quatro concertos vistos na 1.ª noite há a salientar uma explosão: os Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs (sim, sete vezes) são ingleses, vieram de Newcastle, tocam ‘doom’ e ‘stoner metal’ – ou simplesmen­te rock que ressuda – e estrearam-se por cá.

Parecem demónios subterrâne­os, com riffs implacávei­s e uivos guturais, são abrasivos e não têm restrições. Levantaram evidenteme­nte ‘mosh’ e criaram com grande alegria no público uma bela roda punk. Adolfo Luxúria Canibal, o omnipresen­te capitão dos Mão Morta, estava na primeira fila, colado às grades, a testemunha­r o ‘happening’, feliz.

Do resto, uma confirmaçã­o (os Stone Dead, de Alcobaça, são bons), um desapontam­ento (Cigarra & Birdz Zie são demasiado tenros para um palco principal) e uma surpresa (o sírio Rizan Said, só em palco com um par de Korgs, é capaz de transmudar numa serpente qualquer som.

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Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs, Pigs: os ingleses foram o melhor da 1.ª noite

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