VENDA DE CARROS ELÉTRICOS EM ALTA
Proprietários terão de contratualizar um serviço de energia para carregar veículo fora de casa
A venda de automóveis 100% elétricos mais do que duplicou em Portugal em 2017 e, só nos primeiros oito meses deste ano, já se venderam mais viaturas não poluentes do que em todo o ano passado. Os preços a pagar – que estão a ser anunciados aos poucos pelos respetivos operadores – revelam que será um sistema complexo. A partir de novembro, termina a gratuitidade dos postos de carregamento rápido (PCR), que era uma forma de incentivo para a mobilidade elétrica.
Em 2016, segundo a Associação Automóvel de Portugal (ACAP), venderam-se 756 viaturas desta categoria; em 2017, 1640, e em 2018 (até agosto) há mais 2451 veículos nas estradas. “A venda de veículos elétricos está a duplicar a cada ano desde 2016”, confirma ao JN o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes. “Para este ano, estima-se um volume de vendas de cerca de oito mil veículos elétricos, dos quais quatro mil 100% elétricos. Isto significa que o peso dos elétricos nas vendas se aproxima dos 3%, colocando Portugal entre os três países que mais adotam a mobilidade elétrica”.
Se incluirmos no balanço automóveis em segunda mão e/ou importados, cujos valores são retirados de relatórios europeus, e modelos híbridos (bateria com autonomia de 25 até 80 quilómetros, conforme o modelo, e motor de combustão em simultâneo), estarão a circular 18 mil veículos elétricos em Portugal, nas contas do responsável pela associação Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE). Henrique Sanchez reconhece que este é o momento-chave para a mobilidade elétrica.
“Os utilizadores habituaram-se à gratuitidade, e, claro, com- parando o custo zero com o que vão pagar agora, parece caríssimo”, explica Henrique Sanchez. Por outro lado, o sistema de pagamento revela-se elaborado, reconhece, por incluir três componentes: tarifas pela utilização dos PCR e pela energia e custo de energia.
PREÇOS MUITO VARIÁVEIS
Esta semana, foram anunciados os preços aplicados pelo uso dos postos de carregamento rápido (os que não são rápidos mantêm-se gratuitos) e são muito variáveis. Podem ir da gratuitidade (alguns na chancela das autarquias são a custo zero, como é o equipamento instalado em Guimarães) até três euros, dependendo do tempo e da bateria do automóvel. A este valor acresce a tarifa do operador com que é preciso fazer um contrato. Das quatro empresas que vão fornecer o serviço, a Galp foi a primeira a anunciar preços e terá uma promoção para os seus clientes domésticos: oferece seis meses de energia.
Apesar da complexidade da fatura, Henrique Sanchez acredita que a garantia de funcionamento dos PCR dará tranquilidade aos automobilistas.