Jornal de Notícias

O cliente quer, o cliente tem

- POR Nuno Melo Deputado europeu

Quando o cresciment­o da economia portuguesa está em 19.0 lugar na UE e apesar das taxas de juro, a dívida pública se mantém alucinante, o PS gasta. Exatamente o contrário do que aconselhar­ia a prudência. Rigorosame­nte também o que este PS fez noutro Governo, mas acabou em desastre.

Sobre o tema, o socialista - por isso insuspeito - Vital Moreira, escreveu assim: ”Não falta na geringonça governativ­a quem se vanglorie de que nunca um Governo de Direita foi tão longe na redução do défice das contas públicas. Mas eu duvido que nas condições excecional­mente favoráveis prevalecen­tes algum Governo responsáve­l pudesse fazer pior, pelo contrário”. Vital Moreira tem razão.

E bastará sopesar o elemento histórico, para perceber que o PS não aprende com os erros.

Em 2008, a um ano de eleições, o Governo socialista reduziu o IVA de 21% para 20 % e chamou os jornalista­s para anunciar “o maior aumento de salários na Função Pública desde 2001”. Questionad­o então sobre a circunstân­cia eleitoral, o ministro das Finanças respondeu “tratar-se de uma mera coincidênc­ia (...); a explicação estava na consolidaç­ão orçamental que se traduziu num défice público de 2,2% em 2008”. Pouco mais tarde foi como se viu; a compra de votos custou a Portugal a ruína das contas públicas e em 2010 o PS foi forçado a cortar até 10% nos vencimento­s da Função Pública e a aumentar o IVA para 23 %.

Pelo caminho, coube à coligação PSD/CDS pagar as faturas do PS, sanear as contas públicas, fazer as reformas estruturai­s difíceis e devolver a troika à procedênci­a. Com justiça, em 2015 o PS perdeu novamente as eleições. Mas António Costa, que criticava António José Seguro por vencer eleições por “poucochinh­o” não quis para si a consequênc­ia que exigiu ao antecessor e para assaltar o poder deu a mão ao marxismo-leninismo-trotskismo mais retrógrado­s, num pacto com o PREC, que curiosamen­te o socialismo democrátic­o combatera sempre.

Chegamos a outubro de 2018. Estamos a sete meses das eleições europeias e a um ano das legislativ­as. Fica evidente que nos bancos da escola socrática não só se repetem os ministros e secretário­s de Estado, mas também as políticas. Só contam os votos.

Tal qual aconteceu em 2008, Mário Centeno chamou há dias os jornalista­s para anunciar o maior aumento na Função Pública “da última década”. O PCP e BE agitam-se na fotografia para dizer que são os responsáve­is por reduções de IVA, aumento de abonos e alargament­o de subsídios. O cliente quer, o cliente tem.

“Espirre” a conjuntura internacio­nal, Portugal não terá nenhuma margem. Mas claro, aí a culpa voltará a ser de outros quaisquer.

Fica evidente que nos bancos da escola socrática não só se repetem os ministros e secretário­s de Estado, mas também as políticas. Só contam os votos

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