Comandante bate com a porta após acusação de abandono
Autarca defende que defesa do município durante a tempestade “nunca esteve em causa”
Apesar de ter aceitado ontem o pedido de cessação da comissão de serviço do comandante dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz, Nuno Osório, o presidente da Câmara, João Ataíde, afirmou ter-se tratado de “uma relação institucional que se diluiu”.
Nuno Osório, acusado de ter abandonado o serviço enquanto a tempestade Leslie fustigava o município, na madrugada de domingo, justifica o pedido com a “determinação em não desgastar a Autarquia e o município, num momento em que a união de esforços é essencial para recuperar dos danos provocados pela intempérie e a necessidade de poder livremente exercer o direito à defesa da honra”.
DESCANSO
Adiantou que “nunca esteve em causa o comando e o controlo da operação” e que a sua ausência por um período de três horas, “por motivos familiares e de premência de um mínimo de descanso para manutenção das condições físicas e psicológicas necessárias indispensáveis à tomada de decisões nas horas seguintes, foi devidamente preparada e acautelada.”
Por decisão do presidente da Câmara, as funções de comando serão interinamente asseguradas pelo 2.º comandante, Jorge Piedade, e pelo adjunto de comando, Carlos Pinto.
Durante uma visita da ministra do Mar ao porto de pesca da Figueira da Foz, João Ataíde disse que o comandante “apresentou o seu pedido de demissão, reconheceu que não tinha condições para se manter no lugar e justificou o seu ato de ausência por questões de ordem familiar”.
Por sua vez, Ana Paula Vitorino disse que “se alguma falha houve em termos individuais foi irrelevante para a resposta da Proteção Civil” e disse ser de “louvar” essa entidade, bem como o presidente da Câmara.
Questionado sobre a falta de medidas de prevenção face à tempestade, João Ataíde referiu que “não veio mal ao mundo por causa disto e felizmente correu tudo bem”, explicando que há danos que se podem mitigar mas que os 32 milhões de euros (valor de estragos contabilizado até ao momento) “não se conseguiam minimizar” com mais medidas preventivas, uma vez que “o mobiliário urbano não se podia retirar” na totalidade.
O autarca lembrou, após esta “situação inédita”, que “é preciso levar os alertas da Proteção Civil mais a sério” e que não foi apenas na cidade mas na “generalidade do país” que tal não aconteceu.