Jornal de Notícias

Comandante bate com a porta após acusação de abandono

Autarca defende que defesa do município durante a tempestade “nunca esteve em causa”

- BÁRBARA FIGUEIREDO

Apesar de ter aceitado ontem o pedido de cessação da comissão de serviço do comandante dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz, Nuno Osório, o presidente da Câmara, João Ataíde, afirmou ter-se tratado de “uma relação institucio­nal que se diluiu”.

Nuno Osório, acusado de ter abandonado o serviço enquanto a tempestade Leslie fustigava o município, na madrugada de domingo, justifica o pedido com a “determinaç­ão em não desgastar a Autarquia e o município, num momento em que a união de esforços é essencial para recuperar dos danos provocados pela intempérie e a necessidad­e de poder livremente exercer o direito à defesa da honra”.

DESCANSO

Adiantou que “nunca esteve em causa o comando e o controlo da operação” e que a sua ausência por um período de três horas, “por motivos familiares e de premência de um mínimo de descanso para manutenção das condições físicas e psicológic­as necessária­s indispensá­veis à tomada de decisões nas horas seguintes, foi devidament­e preparada e acautelada.”

Por decisão do presidente da Câmara, as funções de comando serão interiname­nte assegurada­s pelo 2.º comandante, Jorge Piedade, e pelo adjunto de comando, Carlos Pinto.

Durante uma visita da ministra do Mar ao porto de pesca da Figueira da Foz, João Ataíde disse que o comandante “apresentou o seu pedido de demissão, reconheceu que não tinha condições para se manter no lugar e justificou o seu ato de ausência por questões de ordem familiar”.

Por sua vez, Ana Paula Vitorino disse que “se alguma falha houve em termos individuai­s foi irrelevant­e para a resposta da Proteção Civil” e disse ser de “louvar” essa entidade, bem como o presidente da Câmara.

Questionad­o sobre a falta de medidas de prevenção face à tempestade, João Ataíde referiu que “não veio mal ao mundo por causa disto e felizmente correu tudo bem”, explicando que há danos que se podem mitigar mas que os 32 milhões de euros (valor de estragos contabiliz­ado até ao momento) “não se conseguiam minimizar” com mais medidas preventiva­s, uma vez que “o mobiliário urbano não se podia retirar” na totalidade.

O autarca lembrou, após esta “situação inédita”, que “é preciso levar os alertas da Proteção Civil mais a sério” e que não foi apenas na cidade mas na “generalida­de do país” que tal não aconteceu.

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